sexta-feira, 27 de junho de 2008

Estadão está no vende-não-vende

O jornal O Estado de S. Paulo desmente, mas são insistentes as notícias de que estão bem avançadas as negociações para a venda do jornal. O site Meio e Mensagem traz matéria em que afirma que as Organizações Globo analisam a compra do Estadão, como é chamado.

Segundo o site, a Editora Abril também estaria interessada na compra. A assessoria do Grupo Estado desmente tudo, afirmando que as notícias sobre a venda de O Estado de S. Paulo não têm fundamento. Mas nenhum comunicado oficial foi distribuído, o que acaba reforçando a boataria.

Mesmo que a venda não aconteça de fato, o estrago já está feito. A força dos boatos demonstram uma fraqueza do grupo que controla o diário e uma falta de credibilidade do próprio jornal.

A venda seria um triste desfecho na existência de um dos jornais mais marcantes na história da imprensa brasileira e, claro, com uma ativa participação nos acontecimentos históricos do País. O jornal foi fundado em 1875, ainda durante o Império , com o nome de A Província de S. Paulo e ao longo de sua existência tornou-se um dos mais importantes jornais do país, com penetração em todo o território nacional e respeitabilidade internacional.

Já como O Estado de S. Paulo teve participação marcante na oposição à ditadura de Getúlio Vargas, durante o Estado Novo. O jornal apoiou também a Revolução Constitucionalista de 1932, levante contrário a Vargas que eclodiu em São Paulo. Com a derrota do movimento teve seus proprietários, Júlio de Mesquita Filho e Francisco Mesquita, presos e expatriados para Portugal ainda em 32.

Durante a ditadura militar de 1964, o jornal resistiu à repressão à liberdade de expressão e tornou famoso seu protesto contra a censura-prévia instituída no jornal, quando publicava receitas culinárias nos espaços das matérias vetadas.

O Estado de S. Paulo também teve importante participação na criação da Universidade Estadual de São Paulo, a USP, fundada em janeiro de 1934. A idéia da criação da importante universidade pública, uma das mais respeitadas em todo o mundo, foi lançada pelo jornal ainda em 1927.

Outro ponto interessante, caso se confirme a venda para as Organizações Globo, é a transferência de poder, de São Paulo para o Rio, na administração de um dos importantes diários paulistanos de penetração nacional (o outro é a Folha de S. Paulo). Como o estilo jornalístico das Organizações Globo é muito diferente do praticado em São Paulo, as mudanças certamente atingirão também a edição do jornal. Mas isso só o tempo é que pode confirmar.
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POR José Pires

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