quarta-feira, 7 de abril de 2010

Área de risco

Quem passa com mais frequência por aqui sabe que acompanho com atenção a agenda do presidente Lula. Pois a de ontem trouxe na cabeça da página um aviso destacado sobre a alteração de toda a agenda prevista para esta terã-feira no Rio de Janeiro. Veja aqui.

O plano era passar o dia em cima do palanque no Rio de Janeiro, mas o temporal não deixou. Foi uma terça-feira brava. Lula pretendia inaugurar obras do PAC no Complexo do Alemão, mas teve ficar bem abrigado, pois a barra pesou em todo o estado. Até agora já são mais de 100 mortos. O governador e o prefeito do Rio já pediram ao governo 370 milhões de reais para recuperar os danos causados pelas chuvas.

A tática com certeza era deixar para lá o evento previsto para o Complexo do Alemão e fazer de conta que nada aconteceu ou que iria acontecer. Esquece a inauguração e pronto. Mas ninguém avisou a assessoria de imprensa do Ministério da saúde, que acabou mandando para a imprensa a seguinte nota: “Devido à forte chuva que atinge o Rio de Janeiro, por decisão da Presidência da República, comunicamos o cancelamento da cerimônia de inauguração de obras do PAC, no Complexo do Alemão, prevista para esta terça-feira (6), que contaria com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Saúde, José Gomes Temporão.”

Lula, é claro, não deixou de dar seu pitaco sobre os problemas causados pelas chuva, tratando do assunto do jeito de sempre, como se ele fosse um marciano que estivesse passando pelo planeta só agora. Na sua visão, o problema é essa mania do brasileiro em querer morar em área de risco. "As pessoas estão vendo que vai acontecer uma desgraça e elas não querem sair", ele disse.

O negócio então é sair da área de risco. Será que ele empresta o Aerolula para os brasileiros se mandarem do país?

Mas, falando em PAC, com a chuvarada vieram à tona números de outro programa, o Programa de Prevenção e Preparação para Desastres. O Estadão de hoje revela que o Estado do Rio recebeu apenas 1% (isso mesmo, você não leu errado: um por cento) das verbas de 2009.

O valor transferido pelo governo lula foi de R$ 1,6 milhão . Para se ter uma idéia da mixaria, o jornal diz que um plano de remoção preventivo de cem barracos em área de risco fica hoje em pelo menos R$ 4 milhões. E a chuva nem acabou e já estão dizendo que o estado vai precisar de R$ 370 milhões para consertar o estrago.

No ano passado a União tinha neste programa uma verba de R$ 646,6 milhões para ser repassada a municípios para o combates a enchentes. E o governo repassou apenas 22% desse total.

A maior parte da verba foi para a Bahia, terra do ex-ministro Geddel Vieira Lima, responsável pelo programa até sua desincompatibilização para ser candidato à governador. Para lá foi 48% do total. O estado do ex-ministro levou R$ 69,4 milhões, distribuído para 58 cidades.

Para se ter uma idéia da influência que um palanque eleitoral pode ter no rumo das verbas do governo Lula, enquanto a Bahia do companheiro Geddel levou essa bufunfa os estados do Rio e São Paulo ficaram com apenas R$ 6,6 milhões em verbas da União para prevenir desastres. A construção de um reservatório de água para evitar enchentes, os chamados piscinões, custa em média R$ 30 milhões.
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POR José Pires

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