Homenagem no Brasil é algo muito perigoso. O sujeito vira nome de viaduto em um dia e no outro a imprensa descobre que a obra foi superfaturada. Ou pior: o viaduto cai. Pode até acontecer do autor da homenagem ser pilhado em corrupção.
Teve uma época, que não vai muito longe no tempo, em que o dinheiro mudava tanto que boa parte da intelectualidade brasileira foi desmoralizada com a homenagem de ter sua efígie estampada em notas que no lançamento davam pra comprar pelo menos uma boa calça e depois de um mês ou dois não compravam nem uma cueca.
Foi na época de José Sarney como presidente, que governou com tanta inflação que tinha que imprimir notas novas o tempo todo. O dinheiro de então era o cruzado. E como ele sempre foi metido a intelectual, resolveu homenagear seus supostos pares. De Villa-Lobos a Drummond, passando até pelo naturalista Augusto Ruschi, Machado de Assis, Cecília Meireles, a memória de muita gente boa pagou mico nas notas do Sarney.
Homenagem oficial? Sem dúvida é melhor fugir. Até recentemente a Ordem do Rio Branco era uma das poucas homenagens oficiais que ainda tinha algum valor de fato. Pois até essa foi para o vinagre.
Hoje, Dia do Diplomata, juntaram-se um monte de bacanas no Ministério das Relações Exteriores para a entrega da comenda criada em 1963 pelo presidente João Goulart. Entre os homenageados estão a primeira-dama Marisa Letícia e a vice-primeira-dama Mariza, Erenice Guerra e Bruno Gaspar.
O próprio site do Ministério explica que a comenda é oferecida às pessoas “pelos seus serviços ou méritos excepcionais, se tenham tornado merecedoras dessa distinção”.
Não sei qual é o mérito excepcional ou os serviços das mulheres do presidente Lula ou do vice José de Alencar. Marisa Letícia talvez tenha ajudado Lula na concepção de sua revolucionária política externa do olho no olho. Afinal, antes do tetê-à-tête com o iraniano Ahmadinejad ele tem que treinar com alguém.
Erenice Guerra ficou conhecida por prestar serviços para sua chefe, a então ministra Dilma Roussef, antes dela mesma, Erenice, subir para o cargo de ministra-chefe da Casa Civil. Seu serviço mais conhecido foi a produção do dossiê de gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de Ruth Cardoso.
E esse Bruno Gaspar? De que forma modesta e dedicada este sujeito colaborou com o país sem que soubéssemos nada até agora? Bem, Gaspar é é assessor do assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia. E seu gesto público conhecido foi na época do acidente com o avião da TAM, em Congonhas, quando foi flagrado pela televisão fazendo gestos obcenos junto com o chefe para comemorar a notícia de que o acidente teria sido causado por falha técnica.
Eu falei lá no início da desmoralização de personalidades com as homenagens no dinheiro de vida curta da época do Sarney. Pois antes desse período inflacionário, o Barão do Rio Branco, coitado, foi também vítima dessa homenagem na cédula de mil cruzeiros, uma nota que hoje em dia não tem valor nem para colecionador. Ainda agora, encontrei uma em um site de ofertas por R$ 2,99. Quando será que logo mais estará valendo uma Ordem do Rio Branco?
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POR José Pires
Teve uma época, que não vai muito longe no tempo, em que o dinheiro mudava tanto que boa parte da intelectualidade brasileira foi desmoralizada com a homenagem de ter sua efígie estampada em notas que no lançamento davam pra comprar pelo menos uma boa calça e depois de um mês ou dois não compravam nem uma cueca.
Foi na época de José Sarney como presidente, que governou com tanta inflação que tinha que imprimir notas novas o tempo todo. O dinheiro de então era o cruzado. E como ele sempre foi metido a intelectual, resolveu homenagear seus supostos pares. De Villa-Lobos a Drummond, passando até pelo naturalista Augusto Ruschi, Machado de Assis, Cecília Meireles, a memória de muita gente boa pagou mico nas notas do Sarney.
Homenagem oficial? Sem dúvida é melhor fugir. Até recentemente a Ordem do Rio Branco era uma das poucas homenagens oficiais que ainda tinha algum valor de fato. Pois até essa foi para o vinagre.
Hoje, Dia do Diplomata, juntaram-se um monte de bacanas no Ministério das Relações Exteriores para a entrega da comenda criada em 1963 pelo presidente João Goulart. Entre os homenageados estão a primeira-dama Marisa Letícia e a vice-primeira-dama Mariza, Erenice Guerra e Bruno Gaspar.
O próprio site do Ministério explica que a comenda é oferecida às pessoas “pelos seus serviços ou méritos excepcionais, se tenham tornado merecedoras dessa distinção”.
Não sei qual é o mérito excepcional ou os serviços das mulheres do presidente Lula ou do vice José de Alencar. Marisa Letícia talvez tenha ajudado Lula na concepção de sua revolucionária política externa do olho no olho. Afinal, antes do tetê-à-tête com o iraniano Ahmadinejad ele tem que treinar com alguém.
Erenice Guerra ficou conhecida por prestar serviços para sua chefe, a então ministra Dilma Roussef, antes dela mesma, Erenice, subir para o cargo de ministra-chefe da Casa Civil. Seu serviço mais conhecido foi a produção do dossiê de gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de Ruth Cardoso.
E esse Bruno Gaspar? De que forma modesta e dedicada este sujeito colaborou com o país sem que soubéssemos nada até agora? Bem, Gaspar é é assessor do assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia. E seu gesto público conhecido foi na época do acidente com o avião da TAM, em Congonhas, quando foi flagrado pela televisão fazendo gestos obcenos junto com o chefe para comemorar a notícia de que o acidente teria sido causado por falha técnica.
Eu falei lá no início da desmoralização de personalidades com as homenagens no dinheiro de vida curta da época do Sarney. Pois antes desse período inflacionário, o Barão do Rio Branco, coitado, foi também vítima dessa homenagem na cédula de mil cruzeiros, uma nota que hoje em dia não tem valor nem para colecionador. Ainda agora, encontrei uma em um site de ofertas por R$ 2,99. Quando será que logo mais estará valendo uma Ordem do Rio Branco?
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POR José Pires
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