sábado, 2 de agosto de 2014

Atirando no alvo errado


De vez em quando rolam na internet fotografias de caçadores posando orgulhosamente com um animal abatido e junto com isso temos aquela indignação coletiva destrambelhada que desconhece modos educados, na maioria das vezes por ser uma raiva sem base no conhecimento dos fatos e ainda menos no estudo com certa profundidade do tema em questão.

As pessoas boazinhas precisam aprender com urgência que a bondade pode ser muito destrutiva quando é praticada sem o cuidado de saber de fato o que está acontecendo. Desprovido desta equilibrada atenção, um gesto que parece de ajuda pode no final ser uma agressão a quem se comporta da maneira certa.

Ao invés do ódio aos caçadores devia haver um sentimento até de respeito pelo serviço que eles fazem. É claro que estou falando de quem pratica a caça legalizada e controlada, em obediência à regras de manutenção da fauna e da flora de determinados lugares. É o caso destas pessoas que posam ao lado de um bicho morto. Um caçador clandestino não seria tolo de publicar na internet uma foto nesta situação. Com esta prova de delito ele poderia ser localizado e preso.

Um aparente paradoxo com o qual é preciso se acostumar é o de que lugares com um meio ambiente relativamente equilibrado exigem a eliminação organizada de determinados animais, especialmente os bichos de médio porte e os maiores. Num parque nacional com herbívoros de médio porte, por exemplo, terá de haver de tempos em tempos a eliminação de uns tantos deles. Não existe nesse lugares um equilíbrio natural do crescimento populacional dessas espécies e deve demorar muitas décadas para que isso seja possível.

Então, é melhor se acostumar com as matanças. E até passar a vê-las como um sinal positivo da preservação do meio ambiente. Este abate pode ser feito por profissionais desses parques ou por gente que tem a caça como um esporte. A prática já demonstrou que a segunda opção dá melhores resultados. Além disso, os organismos oficiais de preservação também ganham algum dinheiro para sua manutenção. As pessoas pagam para caçar e se responsabilizam pela utilização do animal abatido. Tudo em conformidade com regras e um calendário que atende às necessidades naturais do ambiente.

Pense numa região onde existem coelhos, por exemplo, isso para falar de um bicho pequeno. Parece muito bom que haja uma política de preservação de sua raça e realmente é ótimo que isso seja feito. Mas imagine a multiplicação desses bichos com o tempo em um número acima da quantidade de seu alimento natural. Será um desastre para o meio ambiente desta região, não é mesmo? Sem falar no prejuízo das propriedades rurais em torno. É aí que entra a caça legalizada. Bem, se milhares de coelhos soltos podem ser um problema, imaginem então búfalos, antílopes, elefantes ou qualquer outro grande animal em quantidade além do que a natureza pode dar conta.

Por questão de opinião pessoal, posso até discordar de alguém que sai sorrindo numa fotografia ao lado de um animal morto. Porém, esta pessoa não está cometendo nenhuma irregularidade. Ao contrário, acabou de dar uma grande ajuda ao meio ambiente no lugar onde matou este animal.
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POR José Pires

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Imagem- Axelle Despiegalaere, a torcedora belga que ganhou fama durante a Copa do Mundo. Ela assinou um contrato com a multinacional francesa de cosméticos L'Oreal, mas acabou sendo dispensada depois de postar uma foto ao lado de um antílope abatido. E a moça não estava fazendo nada ilegal. A caça legalizada na verdade faz parte da proteção ao meio ambiente.

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