A solicitude do governo do PT com políticos de fichas encardidíssima é algo tão exagerado que parece coisa de otário. Tem gente que costuma colocar lá no alto a esperteza do Lula, por exemplo. E eu costumo também discordar. Não vou negar que Lula soube se dar bem na política. Não é qualquer pai de família que tem um filho que há quatro anos ganhava menos de mil reais como monitor de visita em zoológico e hoje o garoto prodígio é um dos grandes milionários do país. Lula teve esperteza para ganhar muito com a política, mas não são poucos os políticos que fizeram isso. Sem dúvida, o chefão petista teve uma carreira de sucesso, mas compromete sua imagem além do necessário, assumindo ônus que outros chefes políticos sabem evitar.
Recentemente, por exemplo, Lula esteve no Pará apoiando a candidatura de Helder Barbalho ao governo do estado. O candidato é filho do senador Jader Barbalho. Pois no palanque Lula disse o seguinte: "Helder, você tem que dizer que é filho [do senador] com muito orgulho". É preciso se comprometer desse jeito? É claro que não. Até o Jader Barbalho sabe que não precisa tanto. Mas tem sido assim, desde que Lula subiu ao poder. Ele cede os nacos de poder aos caciques políticos, mas acaba colando demais sua imagem a eles. O presidente Fernando Henrique Cardoso governou com o apoio dos mesmos coisas ruins que Lula tem hoje ao lado, no entanto o tucano não permitia e muito menos estimulava esse tipo de intimidade. E é o Lula que é o esperto?
Tem mais uma notícia que comprova este descuido na esperteza petista. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, atuou junto ao governo dos Estados Unidos para ajudar Paulo Maluf. O ministro fez um pedido ao governo americano para que Maluf fosse ouvido no Brasil no processo que responde sob a acusação de evasão de divisas. O governo americano recusou. Foi Maluf quem falou sobre a ajuda petista, em entrevista no final do mês passado ao programa "Poder e Política", do site da Folha de S. Paulo e do UOL. É claro que ele fez isso para contar vantagem e favorecer sua candidatura a deputado federal.
Mas o governo do PT precisava se comprometer dessa forma, interferindo oficialmente em favor de um político que nem pode sair do país que seria preso pela Interpol? É claro que não. Essa ajuda internacional de Lula e seus companheiros veio logo depois do apoio de Maluf ao PT na eleição para a prefeitura de São Paulo. Na época ele fez leilão de seu apoio político, mas os tucanos não entraram em seu jogo. Foi o PT quem levou. Os petistas imaginam-se os mais espertos nesse tipo de negócio, mas a verdade é que não sabem usar seu poder de compra. Pagam muito caro e até misturam-se aos que se vendem.
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POR José Pires
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