sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Requião emparelha na frente com Beto Richa

Em junho, logo que o senador Roberto Requião arrancou de seu partido, o PMDB, sua candidatura ao governo do Paraná eu disse aqui que a má notícia para o governador Beto Richa viria acompanha de uma animação em torno dessa surpresa eleitoral na política do estado. Richa já dava como certa sua vitória, talvez no primeiro turno. Já contava com o PMDB no chapão de apoio a sua candidatura à reeleição. Hoje, com a divulgação da pesquisa Datafolha, vejo que eu estava certo. Não que precisasse disso. Mas isto é uma confirmação de que na entrada na disputa o senador do PMDB já emparelhou com o governador, o que é péssimo para alguém que já ensaiava no espelho ao mesmo tempo o discurso de despedida e o de posse.

O Datafolha traz Beto Richa com 39% das intenções de voto, contra 33% de Requião. Gleisi Hoffmann (PT) está com 11%. Três outros candidatos nanicos ou extrema-esquerda, o que dá no mesmo, não alcançaram 1%. Indecisos somam 10%, e brancos ou nulos, 5%. Conforme a margem de erro (de três pontos percentuais), Richa e Requião estão tecnicamente empatados. O clima político no estado é mesmo este, uma vantagem para Requião, que entrou tarde na disputa.

Em junho eu já dizia que o impacto emocional da vitória no partido impulsionaria a candidatura de Requião. E ele já tem resultados altamente positivos antes mesmo do início do horário eleitoral na TV e no rádio. E como já vi em situações criadas por Requião em entrevistas em rádios do interior, o senador peemedebista está tinindo em seu estilo político muito eficiente como chamariz de atenção do público. Requião já teve discussões fortes com apresentadores de rádio em entrevistas ao vivo. Os embates foram repassados pelos tucanos, com a intenção de atingir Requião. Bem, tucano é assim. O senador já tem este estilo durão há mais de trinta anos e os tucanos não perceberam ainda que isso faz um tremendo bem à sua imagem.

Beto Richa cometeu o erro grave de não desconstruir Requião enquanto governou e agora em campanha ainda não encontrou o tom para se dar bem na comparação com os dois governos anteriores do adversário. De seu lado, Requião já está plenamente exercitado para trabalhar na oposição. Não tem o mesmo traquejo quando é preciso governar, mas deixo isso pra depois. Os adeptos da candidatura de Richa vem errando feio, a ponto de até terem aberto espaço para Requião se vitimizar, ele que nunca larga a ripa numa eleição e bate muito. Arrumaram até uma suposta briga conjugal do senador, que teria acontecido (vejam só!) há mais de trinta anos. Mesmo se não fosse uma invenção a baixaria promove o outro e abre o espaço para o revide. E fazem isso com um adversário que, para bater, nunca foi de esperar que alguém ofereça a outra face.

Com dizia aquele saudoso locutor, o Fiori Giglioti, o tempo passa. E partida já está empatada pelo adversário que nem era esperado no jogo. Beto Richa terá de se esforçar para não ficar para a história como um dos raros políticos brasileiros que perde uma reeleição. Eu falava em junho do efeito animador da vitória da candidatura de Requião num partido que parecia já acertado no apoio ao governador. Imaginem a animação que os requianistas terão com esses números do instituto de pesquisa de mais credibilidade no país.
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POR José Pires

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