segunda-feira, 11 de março de 2019

Bolsonaro, um presidente propagador de fake news

Desde a publicação do vídeo pornográfico no Carnaval, Jair Bolsonaro não vinha criando complicações para seu próprio governo. Dava a impressão de que tinham tomado dele o Twitter, que passou a publicar mensagens sóbrias, com assuntos realmente relativos ao governo. Ele devia até estar orgulhoso, pois deram uma acertadinha inclusive no seu português.

Mas o clima de tranqüilidade já foi quebrado neste domingo. Parece que Bolsonaro conseguiu pegar a senha do Twitter de volta sem nenhum general perceber. A partir de um material sem pé nem cabeça publicado pelo site Terça Livre — um dos mais ensandecidos sites da rede bolsonarista de comunicação —, Bolsonaro atacou a jornalista Constança Rezende, do Estadão, aproveitando para colocar também no bolo o pai da repórter, Chico Otávio, de O Globo. A notícia é visivelmente falsa, com manipulação na gravação de áudio, toda recortada, e tradução errada do diálogo para forçar um clima de conspiração, do jeito que o bolsonarismo gosta.

É totalmente armada a matéria publicada por Jawad Rhalib, que o Terça Livre afirma ser “jornalista francês”. A partir da gravação de uma conversa informal com a jornalista brasileira foi construída uma narrativa delirante de uma conspiração contra o governo Bolsonaro. O Terça Livre deu o toque local de manipulação, fazendo de conta que tinha como base uma fonte estrangeira independente.

O texto de Rhalib procura deliberadamente criar um clima de ameaça por parte da imprensa, mais especificamente do Estadão, na divulgação do relatório do COAF sobre movimentação financeira suspeitas de 1,2 milhões de assessores de assessores do hoje senador e ex-deputado Flávio Bolsonaro, entre eles seu motorista e faz-tudo Fabrício Queiroz.

A jornalista Fernanda Salles, que assina a matéria no site Terça Livre, trabalha para um deputado bolsonarista. Ela ocupa cargo no gabinete do deputado Bruno Engler (PSL), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Ganha R$ 6.543,69 por mês. Até nisso a tropa de Bolsonaro é parecida com os companheiros do PT. Fazem de cargos públicos a base para montar uma máquina de comunicação que pratica a desinformação e ataca adversários, imprensa e qualquer um que contrarie o interesse desse governo. Podem fabricar fake news a partir de uma rede de colaboradores bancados com dinheiro público.

Com métodos assim, até faz sentido que para justificar besteiras e malfeitos desse governo todo bolsonarista use como referência o que os petistas fizeram de pior com o país.
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POR José Pires

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