quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PIB chinês e outros PIBs

Que o crescimento do Produto Interno Bruto, o PIB, não serve como referência de qualidade já é coisa mais que comprovada. Gastos com um furacão, por exemplo, podem dar um bom reforço no PIB de um país. Bem, pena para os petistas que o Brasil não tem furacão, não é mesmo?

Esta é uma daquelas verdades que não pegam no Brasil, tanto que o crescimento artificial do PIB brasileiro serviu como uma das vitaminas inventadas pelo marketing para bombar a candidatura de Dilma Rousseff. Até a qualificação do crescimento do nosso PIB, na associação com um tal "PIB chinês", serviria como pista do embuste, mas mesmo assim todos engoliram a lorota.

O PIB chinês é uma boa comprovação do que é este valor referencial. A economia chinesa cresce em grande parte às custas da opressão sobre a força de trabalho chinesa, uma economia que não permite os mínimos direitos trabalhistas e onde os trabalhadores recebem salários baixíssimos. Em muitos casos a situação é praticamente de trabalho escravo, com o agravante de que tal situação é mantida pelo Estado. Outro fator importante para manter o PIB nas alturas é o uso abusivo dos recursos naturais da China e um descaso absoluto com qualquer regra de respeito ao meio ambiente. Hoje, o país já sofre com o esgotamento de recursos naturais e a desertificação de grande parte de seu território. A poluição dos ares e da água também é altíssima, além do esgotamento dos recursos hídricos. Milhões de chineses já têm sérias dificuldades para obter água potável.

A destruição ambiental é uma das desgraças do comunismo, com certeza a pior delas, mesmo que todos os outros desatinos gerados por esta idéia política e econômica já sejam suficientes para manter a humanidade horrorizada por séculos.

Mas o PIB chinês é alto, tanto que a presidente eleita passou todo o período eleitoral falando do nosso nesses termos. Isso já uma dica do que ela pode fazer no governo, pois a China já mostrou como se faz um PIB chinês. É sobre terra arrazada. Literalmente.

Mas um PIB desses tem sustentação? Claro que não. O que a China vem fazendo com a natureza e com sua população tem uma conta a ser saldada no curto prazo. Mas o que importa nesse negócio de PIB são os números frios. É uma conta sem projeção futura e sem nenhum interesse na discussão da subtração que virá como consequência.

Um outro bom exemplo dessa lorota que é o PIB pode ser pescada hoje mesmo nas notícias da internet. É sobre o alto crescimento do PIB do Piauí, detectado em números do IBGE. Os dados são da Contas Regionais do Brasil 2004-2008, divulgadas nesta quarta-feira pelo IBGE. O Piauí teve o maior crescimento real em 2008, com 8,8% de alta no PIB, superando a média nacional, de 5,2%. Coitado do estado de São Paulo, não é mesmo? Pobre Minas Gerais.

Pois é, o Piauí teve um PIB chinês em 2008. Mas é o PIB do Piauí. Com dizia o grande cartunista Fortuna, não é nada, não é nada... não é nada.
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POR José Pires

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