segunda-feira, 22 de julho de 2019

200 dias de Bolsonaro: festa sem nada para comemorar

O governo de Jair Bolsonaro completou 200 dias na semana passada e nos dias anteriores davam a notícia de que o presidente apresentaria uma série de medidas importantes para a economia. Bem, até que parecia ser possível conceder ao menos o benefício da dúvida quanto à evidente dificuldade que Paulo Guedes demonstra para encarar uma crise que nunca se viu antes neste país. Talvez houvesse uma surpresa do ministro da Economia, com a revelação do resultado de um trabalho discreto nos bastidores, na montagem de um projeto de maior peso, demonstrando enfim que ele não está preso apenas à ideia de uma reforma na Previdência como panacéia econômica.

Mas não foi ainda desta vez que o ministro Guedes provou que de fato é o “Posto Ipiranga” da cantilena de Bolsonaro toda vez que lhe falta capacidade para se expressar sobre alguma questão problemática, das tantas na condução deste governo. A cerimônia de comemoração dos 200 dias acabou tendo como destaque um selo do ministério da Agricultura para produtos agrícolas artesanais, que mesmo sendo uma medida incrementadora para determinado setor, parece um tema pego às pressas para compensar a falta de um anúncio de impacto.

A situação é tão desesperadora que a expectativa era da liberação dos recursos de contas ativas do FGTS, medida que apenas alivia o sufoco da economia. O governo Temer fez algo parecido. E mesmo quanto a esta medida a pasta de Paulo Guedes não traz confiança. O ministro havia dito que a liberação iria injetar R$ 42 bilhões na economia. Depois, a equipe econômica diminuiu para R$ 30 bilhões. O país está até agora à espera das regras para o saque do FGTS e, claro, torcendo para que o ministro e sua equipe ajustem suas matemáticas.

Enquanto os brasileiros esperam ações do governo que de fato ativem a economia e tragam empregos com a maior urgência, Bolsonaro passou a semana envolvido com aquilo que já teve ministro acusando os outros de fazer, mas que na verdade é ele que faz como ninguém: balbúrdia. Falou besteira sobre a fome, fez comentário xenófobo sobre adversários políticos do Nordeste, atacou jornalistas, defendeu Dias Toffoli em sua decisão sobre o Coaf que trava investigações. Foi uma semana e tanto, mesmo para o costumeiro padrão de baixo nível.

Bolsonaro gosta do “nós contra eles” que pegou do PT e apenas trocou os sinais, seguindo desembestado pela direita. Agora também se dedica a colocar culpa na imprensa, que conforme diz, só dá “más notícias”. Mas é a própria realidade que traz os fatos. Na mesma semana em que ele jogava pedra (ou algo diferente que não cabe mencionar) para todo lado, o estado de São Paulo registrava o fechamento de 2.325 indústrias de transformação e extrativas nos primeiros cinco meses deste ano. É o número mais alto da década. Também é 12% maior que o do ano passado.

Tudo bem, não há dúvida de que o desastre foi criado pelo PT e seu governo incompetente e gatuno, gerando a maior crise da nossa história. Mas depois de mais de 200 dias de governo, essa lembrança serve apenas para lembrar a razão da derrota petista e também da eleição de Bolsonaro.
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POR José Pires


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Imagem- Bolsonaro - Valter Campanato, Agência Brasil

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