terça-feira, 2 de julho de 2019

Carlos Bolsonaro e sua perigosa paranóia conspiratória

Um período longo demais com a esquerda no poder e agora com um governo de direita eleito exatamente por causa da atmosfera social desequilibrada criada pelo petismo, parece que deixou o país numa situação em que comportamentos totalmente anormais são aceitos sem que instituições e autoridades atingidas tomem qualquer providência. A esquerda abilolada criou amplos espaços para uma direita idem, de modo que o contrassenso é regra e não exceção.

O vereador Carlos Bolsonaro postou nesta segunda-feira uma mensagem no Twitter que em um país onde prevaleça a normalidade seria exigido dele, de forma legal, um esclarecimento com exatidão sobre a grave denúncia. Esta sua tuitada tem muito daquela subjetividade paranóica que é bem própria de seu estilo. No entanto ele fala diretamente do GSI, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, comandado pelo ministro Augusto Heleno, que, como todo mundo sabe, é oficial da reserva. O general é também um dos principais conselheiros do presidente Jair Bolsonaro.

O assunto do filho do presidente é a prisão do militar da Aeronáutica, pego na Espanha com 39 quilos de cocaína em sua bagagem. A partir disso, Carlos coloca em dúvida o trabalho do general Heleno. “Por que acham que não ando com seguranças? Principalmente aqueles oferecidos pelo GSI? Sua grande maioria podem ser até homens bem intencionados, e acredito que sejam, mas estão subordinados a algo que não acredito”, ele escreve. Mais ainda, na mesma mensagem ele afirma que sua vida está ameaçada por causa do que tem falado. Ou seja, pelo que ele afirma, tem um pessoal barra-pesada bem ao lado do presidente da República. A relação feita com a cocaína apreendida na Espanha em um avião da FAB torna a denúncia ainda mais grave.

Como eu disse, falta clareza ao que o vereador escreve, como nesta parte em que ele fala em homens que “estão subordinados a algo que não acredito”, sem apontar a serviço de que estão esses homens. Mas como ele trata da segurança da Presidência da República e estando na posição privilegiada de ser filho do presidente, tenho certeza que em um país onde não houvesse dúvida sobre o que é normal e o que não é, esta sua denúncia seria objeto de investigação rigorosa. Ou então Jair Bolsonaro — não na posição de presidente, mas como pai — cuidaria de encaminhar o filho a um tratamento mental com um profissional qualificado.
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POR José Pires

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