segunda-feira, 17 de maio de 2010

Marta Suplicy: armando confusão na luta armada

Marta Suplicy entrou na campanha eleitoral. E com a Marta não tem essa de entrar com o pé direito, não. Ela entra mesmo com os dois pés.

E isso porque ela estava na defesa da mais recente embrulhada eleitoral do PT, a de tentar elevar a candidata do Lula às alturas do Nelson Mandela. Está uma dificuldade danada encontrar uma identidade para a Dilma então tentaram criar a Dilmandela, mas foi demais até para quem já está acostumado com os exageros do partido que reiventou o Brasil. E então os petistas saíram a campo para explicar.

Está assim desde que Dilma saiu da campanha eleitoral que fazia no ministério e foi pra pré-campanha de fato. Cada ação de sua equipe de criação imediatamente detona todo um processo de explicação da besteira que foi ao ar ou publicada no site da campanha. Não é só o Lula que precisa de tradutor. A campanha da sua candidata está sempre precisando de explicação. E isso, ó raios, mesmo ela sendo feita em toda português.

Foi nessa situação que Marta Suplicy entrou com os dois pés no Gabeira. Neste momento todo mundo deve estar sabendo. Ontem em um comício em São Paulo, para defender o passado de Dilma na luta armada, ela usou como exemplo atuação de Gabeira na luta armada.

Vai na ìntegra, até porque sintetizar sua fala poderia afetar de forma prejudicial o requintado estilo desta grande dama:

"E eu quero dizer mais: Todo mundo aqui já ouviu falar do Gabeira? Já? A maioria! Pois é… Vocês notaram, Aloizio, que o Gabeira…, ninguém fala… Esse, sim seqüestrou! Eu não estou desrespeitando ele. Ao contrário. Mas ele (rindo ironicamente ) seqüestrou. Ele era o escolhido para matar o embaixador. Ninguém fala porque o Gabeira é candidato ao governo do Rio e se aliou com o PSDB. Então, dele, não fala. As pessoas, na sua juventude, lutaram contra essa ditadura, lutaram com o que podiam, como sabiam, como podiam."

Como vem da Marta Suplicy nem posso dizer que é impressionante, afinal trata-se de uma pensadora que já firmou marca, sendo autora de um dos grandes pensamentos políticos da nossa época, o "ele é casado, tem filhos?", da sua campanha para prefeito de São Paulo.

Mas fiquemos no ataque ao Gabeira. Para justificar a atuação de Dilma na luta armada, a candidata petista ao Senado foi buscar comparação com outro guerrilheiro de então e conseguiu a proeza de criar categorias entre os grupos que fizeram a luta armada. Dilma, companheiros lutava pelo bem, pela democracia, já o Gabeira... bem, "ele era o escolhido para matar o embaixador".

Agora temos os guerrilheiros do bem e os guerrilheiros do mal. Nisso, é claro, Marta está apenas seguindo as pegadas históricas de seu partido. Os petistas passaram as últimas décadas rotulando de forma leviana tudo e todos que não atendiam seus interesses. Então por não fazer mesmo na luta armada?

Então havia também na luta armada "os nossos" e os "deles". Se eu lembrar pra Marta que tinha até tucano em grupo guerrilheiro é capaz dessa mulher — com todo o respeito — até gozar.
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POR José Pires

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