terça-feira, 27 de março de 2018

Lula e Bolsonaro, os dois lados de uma mesma estratégia

Compreendo que haja quem se anime em ver a caravana do ex-presidente Lula sendo enxotada de várias cidades ao ser recebida com ovos e até pedras, mas não caiam neste clima que pode prejudicar o que havia de mais consequente até agora nas manifestações de rua, que é a forma espontânea e o equilíbrio dos brasileiros saindo às ruas em manifestações de protesto.

O que se coloca agora na política brasileira, nesta confusão criada no Sul do país, serve apenas ao interesse de duas lideranças que historicamente crescem apenas se obtiverem um ponto de apoio como alavanca de seus interesses. É desse jeito que a direita e a esquerda ocupam espaço, alimentando-se mutuamente em seu irresponsável oportunismo político. Este ponto de apoio é sempre o da grosseria e da violência, da divisão entre as pessoas. Foi dessa forma que Lula subiu na vida e ficou rico, desde que saltou do sindicalismo para a política, aproveitando-se dessa estratégia de crescimento já bastante antiga na esquerda.

Do outro lado, foi com estilo parecido que o deputado federal Jair Bolsonaro surgiu do ambiente obscuro do baixo clero da Câmara Federal para tornar-se um presidenciável com peso eleitoral, antes disso aproveitando-se de confrontos artificiais com a esquerda para obter mais facilmente grandes votações, ganhar também bastante dinheiro, além de eleger todos seus filhos junto com ele. Agora, procurando ganhar mais força política, Bolsonaro investe pesado na linguagem da violência e na agressão, facilitada pela viagem afrontosa do chefão de PT pelo Sul do país, depois de condenado à prisão em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro.

Lula e Bolsonaro, cada um representando o que há de pior nas ideologias de esquerda e de direita, procuram criar um ambiente de conflitos porque ambos sabem que se houver equilíbrio e debate democrático o lugar deles será a lata de lixo da História, o ex-sindicalista sem conseguir voltar ao poder e o ex-militar sem a eleição para presidente. Lula e Bolsonaro não merecem um cuspe, muito menos sangue nas ruas. Se existe um tipo de sangue que hoje em dia pode salvar o Brasil é o sangue-frio.
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POR José Pires

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