O novo espetáculo das eleições de 2018 é o deputado Jair Bolsonaro e lideranças petistas discutindo a autoria dos tiros contra a caravana de Lula nos estados do Sul do país. A dúvida é qual dos lados afinal furou com balas a lataria dos ônibus. Mas não é mesmo um debate interessante para um país na triste condição do Brasil? O deputado também anuncia que nesta quarta-feira fará uma bobice em Curitiba, onde pretende lavar com água e sabão uma praça onde Lula vai montar palanque no mesmo dia. Bolsonaro promete que sua jogada eleitoreira será depois do PT desocupar a praça. Mas é óbvio que já jogou gasolina no afogueado ânimo de seus seguidores.
A reação violenta contra a caravana petista tem a mesma espontaneidade das plateias nas cidades em que Lula passou. É de cima que vêm os ovos e pedras que caíram sobre a caravana de Lula e seus comícios. A campanha de Bolsonaro dá uma demonstração prática da base de seu marketing de campanha. É mais ou menos isso que virá por aí, de um presidenciável que não será competitivo em uma eleição de clima democrático e equilibrado emocionalmente.
O encontro brutal no Sul do país pode ser explicado por um ditado local, mais comum entre os gaúchos, que diz que “os gambás se cheiram”. Jair Bolsonaro precisa do PT, assim como o partido do Lula está com uma necessidade desesperada de confrontos violentos. Já faz tempo que os petistas só crescem dessa forma, dividindo as pessoas em batalhas vazias. Na atual condição política do PT é uma besteira confrontá-los. Seu desmonte é gradativo. Segue o destino de tornar-se uma agremiação nanica, junto ao Psol, na mesma proporção de amalucados partidos extremistas.
As coisas já iam muito mal para os petistas, até esta entrada em campo do pessoal de Jair Bolsonaro. Em suas andanças pelo país, Lula foi colecionando fiascos, falando para ajuntamentos forçados, apenas de militantes profissionais ou miseráveis precisando de pão com mortadela, pois o PT tem cada vez mais dificuldade de penetração política em qualquer cidade brasileira. Era exatamente em busca de encrenca que agora rodavam pelo Sul do país.
O partido do Lula vai muito mal nesta região, onde sempre perderam eleições presidenciais e de uns anos para cá começaram a perder também todas as outras. No Paraná, onde dias atrás a caravana entrou, eles estão acabados. Nas eleições municipais o PT não elegeu prefeitos em importantes cidades brasileiras, como aconteceu em Londrina, segunda maior cidade do estado, onde não elegeram nem vereador. Os petistas tampouco elegeram prefeitos na maioria das cidades paranaenses.
Na capital do estado, o candidato petista à prefeitura ficou em sexto lugar, com apenas 39 mil votos. Com três vereadores anteriormente, dessa vez o partido caiu para apenas um vereador. E Curitiba é a cidade onde mora a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT e organizadora da grotesca caravana. O estado é base eleitoral também de Paulo Bernardo, ex-ministro de Lula e Dilma, marido da senadora e réu no STF junto com ela. O ex-deputado corrupto André Vargas, atualmente preso, era ligado a Bernardo e Gleisi. O prestígio do PT é tão baixo no Paraná que Gleisi nem pode tentar a reeleição ao Senado. Terá dificuldade de se eleger para a Câmara Federal.
É óbvio que sair às ruas para se engalfinhar com militantes de um partido nesta situação é fazer exatamente o que está no planejamento do adversário. Mas acontece que para as lideranças bolsonaristas esses conflitos de rua têm um valor político e eleitoral quase na mesma medida do interesse dos petistas. A troca de sopapos serve para Bolsonaro fortalecer a imagem de valente opositor do PT. E que ninguém pense no caráter histórico do autoritarismo esquerdista. É sofisticação demais para um político como Bolsonaro, que idolatrava Hugo Chávez quando ele ganhou sua primeira eleição na Venezuela. O objetivo é estimular outras discussões, como a questão do aborto, liberação de armas, casamento gay, questões de gênero, bases essenciais do pensamento bolsonarista. É o tipo de assunto que interessa aos petistas e bolsonaristas, porque dá a chance de distrair a atenção da opinião pública do vazio de ideias e propostas de cada um dos lados.
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POR José Pires
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