segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Amorim perde pra Mainardi e ainda tem coisas para explicar

Como lulistas, petistas e agregados soltam foguetes quando Diogo Mainardi perde um processo na justiça, é bom a gente informar quando ele ganha.

Desta vez foi Paulo Henrique Amorim que teve julgado como improcedente um processo movido contra o colunista da revista Veja. Amorim queria 1.500 salários mínimos e mais R$ 0,50 por exemplar vendido da Veja em que teve citado seu nome. Ele ainda pode recorrer.

A peça do juiz Manoel Luiz Ribeiro, da 3ª vara Cível de Pinheiros, é um belo texto em favor da liberdade de expressão e do debate público de questões que não podem – e não devem, digo eu – ser tratadas como negócios particulares.

Em sua coluna, Mainardi acusou Amorim de fazer o jogo do lulismo em seu blog na internet. Segundo ele, depois que os fundos de pensão passaram a influir no provedor IG criou-se um quadro de blogueiros, todos eles afinados com o que Mainardi chama de “DIP” (numa alusão ao organismo de inteligência e comunicação do governo Vargas) de Luiz Gushiken, então ministro responsável pela Secom, a Secretaria de Comunicação da presidência da República.

Para exemplificar, Mainardi lista uma série de blogueiros do IG. “De lá para cá, além de José Dirceu, foram contratados como comentaristas Franklin Martins, Paulo Henrique Amorim e Mino Carta. Todos eles na fase descendente de suas carreiras”, diz Mainardi, que ainda revela os salários da turma: “Quer saber quanto o iG paga a Franklin Martins? Entre 40 000 e 60.000 reais. Quer saber quanto ele paga pelo programa de Paulo Henrique Amorim? 80.000 reais”.

Amorim não gostou de Mainardi dizer que ele está em “fase descendente” de sua carreira. Mas o juiz não aceitou como ofensa a qualificação. “Sem dúvida o autor já foi jornalista da Rede Globo de Televisão, apresentando programas de elevadíssima audiência, de forma que a menção à “carreira descendente” visa apenas identificá-lo como estando hoje em veículo de menor expressão do que aquele outrora”, escreve no processo o juiz Ribeiro.

Mas são as idas e vindas de Amorim, com mudanças abruptas de opinião, que são assunto nas rodas jornalísticas e nos sites especializados em comunicação. O jornalista já esteve na linha de ataque a Lula quando Fernando Henrique Cardoso estava no poder. Na época, segundo o site Consultor Jurídico, Lula processou a TV Bandeirantes depois de ser acusado de desonesto por Amorim. Hoje Amorim faz o rumo inverso: defende o lulismo e ataca com virulência a oposição.

Ele mesmo definiu seu estilo em entrevista à Folha de S. Paulo: “Quando a gente senta no computador para escrever, é como se estivesse apertando aqueles botões que disparam mísseis. Cada vírgula minha tem um alvo. É um exercício de pancadaria verbal, de pancadaria ideológica".

Contraditoriamente para um homem que se define assim, ele opta via jurídica e não a jornalística defender suas posições profissionais ou políticas. Amorim também ameaçou o site Consultor Jurídico depois da divulgação de seu nome em uma lista de pessoas contratadas para afastar Daniel Dantas do comando da Brasil Telecom.

Entrevista pelo site, Luciane Araújo, testemunha em processo que corre na Itália, disse que Amorim era festejado na Itália. Segundo o Consultor Jurídico, o chefe de operações clandestinas da Telecom Italia, Marco Bernardini, costumava dizer que “quem tem o Paulo Henrique Amorim não precisa de mais ninguém”.

Segundo o Consultor Jurídico, Amorim ainda pode ter outros problemas “caso não explique porque ele nunca declarou no Brasil a propriedade de dois apartamentos em Nova York”. Conforme o site, ele admite a posse de três carros importados, uma moto e três apartamentos no valor de 800 mil reais cada um. “Um patrimônio incomum para quem vive de jornalismo no Brasil”, finaliza o Consultor Jurídico.

Para ler a crônica de Diogo Mainardi, clique aqui. E para ler a sentença do juiz, aqui.
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POR José Pires

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