segunda-feira, 17 de março de 2008

O que Polanski tem a ver com isso?

Por força da ação dos partidos-satélites da União Soviética, Jorge Amado foi traduzido praticamente em todo leste europeu. Não podemos esquecer que estes países haviam recebido o abraço de urso dos russos. Estavam dominados pela força econômica e até militar da União Soviética. Muitos deles chegaram a ser invadidos quando tentaram escapar do abraço mortal. Também em países capitalistas como França, Itália, por exemplo, os PCs locais executaram o serviço de apoio para Amado, o que faziam também para escritores comunistas como Neruda, Ehrenburg e outros.

É até cômico que na matéria da Folha de S. Paulo Zélia Gattai, viúva do escritor, faça menção a uma visita do cineasta Roman Polanski, com uma das personalidades que os procuravam. Polanski teria dito então que quando era menino na Polônia comunista só havia livros políticos e anti-capitalistas para ler. E que Amado era o único que trazia “amor, sexo e coisas humanas”.

Não dá para levar ao pé da letra as palavras de Gattai. Esse pessoal é muito fantasioso, para não dizer que mentem mesmo. Mas Polanski teria que ser um completo idiota político para não saber a razão de Jorge Amado ter seus livros traduzidos em uma Polônia governada pelos comunistas, com uma indústria editorial centralizada e totalmente sob o controle dos comunistas.
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POR José Pires

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