É impressionante como tem jornalista querendo dar uma mão para o governador José Serra. Não é ironia, não. A cada fato novo sobre a candidatura presidencial do tucano, a imprensa começa a trazer inumeráveis planos para facilitar sua chegada ao Palácio do Planalto ou pelo menos impedir uma rasteira do Lula ou da Dilma Rousseff.
E este danado vício de palpitar em vez de analisar de fato não contagiou apenas colunistas políticos. É epidemia. Até em reportagens a mania está instalada. No lugar de informação o leitor encontra receitas miraculosas para salvar o Serra. Todo mundo virou Duda Mendonça.
Já temos idade suficiente para saber que não adianta exigir isenção jornalística, mas será que também é demais pedir bom senso, equilíbrio, ou mesmo que o profissional se atenha ao assunto, sem exercer o ofício de marqueteiro onde se pede jornalismo?
Até quem é atrelado ao governo Lula dá seus pitacos. Outro dia, Mino Carta, que sabidamente detesta Serra, dedicava-se em sua coluna na revista Carta Capital (não confundir com Carta Maior, que também é a favor do governo, mas é um site) a aconselhar o tucano. O jornalista começava dando um tremendo pito no governador por ele estar respeitando a lei e não fazendo campanha desbragadamente como a candidata do Lula. E no meio ia dando suas votiosas dicas.
Aliás, este tem sido um hábito de grande parte dos jornalistas. Em vez de denunciar a ilegalidade da campanha de Dilma Rousseff fora do período eleitoral permitido, eles criticam Serra por não fazer o mesmo.
E agora a queda nas pesquisas criou um coro: Serra, tem que botar a campanha na rua! As orelhas do tucano devem estar ardendo. É conselho demais, muita receita miraculosa. Só falta fornecerem slogan, programa de governo e programa no horário gratuito.
Mas não deixa de ser confortável. Com tanta gente cuidando de sua candidatura, pelo menos ele pode se dedicar ao governo de São Paulo. Mas não dá, pois mesmo entre os seus correligionários em São Paulo há quem tenha lá suas idéias para a coisa melhorar.
O Fernando Henrique Cardoso é um deles. No início da semana ele veio com a melhor: botar o senador cearense Tasso Jereissati de vice para barrar o crescimento da candidatura lulista na região de sua base. É coisa de gênio. O PT tem força no Nordeste por causa do marketing de migrante pobre espalhado por Lula e então os tucanos lançam um político ricaço de vice. E como desta vez os petistas tiveram o bom senso de não aplaudir é até capaz da idéia prosperar.
E eu que pensava que não surgiria entre os tucanos besteira maior que a proposta de apoio a descriminalização das drogas em ano de eleição para presidente da República.
Mas eu até gostei de outra propalada qualidade de Tasso Jereissati que faria dele um excelente vice para Serra. É que sua presença na chapa refrearia os ataques do deputado Ciro Gomes.
Aí eu acho interessante, até porque como ninguém nunca soube muito bem para o que serve um vice numa campanha, isso daria um sentido para esta figura política. Está aí o papel do vice: esse é bom porque segura fulano, aquele segura o sicrano.
E o Tasso Jereissati também não precisaria mais se preocupar com sua imagem histórica. Quando depois de passar pela Rua Tasso Jereissati ou entrar na Escola Tasso Jereissati alguma pessoa fizer a famosa pergunta "Quem é esse cara?" na certa vai receber a resposta na bucha: é o cara que segurava o Ciro Gomes.
.....................
Por José Pires
E este danado vício de palpitar em vez de analisar de fato não contagiou apenas colunistas políticos. É epidemia. Até em reportagens a mania está instalada. No lugar de informação o leitor encontra receitas miraculosas para salvar o Serra. Todo mundo virou Duda Mendonça.
Já temos idade suficiente para saber que não adianta exigir isenção jornalística, mas será que também é demais pedir bom senso, equilíbrio, ou mesmo que o profissional se atenha ao assunto, sem exercer o ofício de marqueteiro onde se pede jornalismo?
Até quem é atrelado ao governo Lula dá seus pitacos. Outro dia, Mino Carta, que sabidamente detesta Serra, dedicava-se em sua coluna na revista Carta Capital (não confundir com Carta Maior, que também é a favor do governo, mas é um site) a aconselhar o tucano. O jornalista começava dando um tremendo pito no governador por ele estar respeitando a lei e não fazendo campanha desbragadamente como a candidata do Lula. E no meio ia dando suas votiosas dicas.
Aliás, este tem sido um hábito de grande parte dos jornalistas. Em vez de denunciar a ilegalidade da campanha de Dilma Rousseff fora do período eleitoral permitido, eles criticam Serra por não fazer o mesmo.
E agora a queda nas pesquisas criou um coro: Serra, tem que botar a campanha na rua! As orelhas do tucano devem estar ardendo. É conselho demais, muita receita miraculosa. Só falta fornecerem slogan, programa de governo e programa no horário gratuito.
Mas não deixa de ser confortável. Com tanta gente cuidando de sua candidatura, pelo menos ele pode se dedicar ao governo de São Paulo. Mas não dá, pois mesmo entre os seus correligionários em São Paulo há quem tenha lá suas idéias para a coisa melhorar.
O Fernando Henrique Cardoso é um deles. No início da semana ele veio com a melhor: botar o senador cearense Tasso Jereissati de vice para barrar o crescimento da candidatura lulista na região de sua base. É coisa de gênio. O PT tem força no Nordeste por causa do marketing de migrante pobre espalhado por Lula e então os tucanos lançam um político ricaço de vice. E como desta vez os petistas tiveram o bom senso de não aplaudir é até capaz da idéia prosperar.
E eu que pensava que não surgiria entre os tucanos besteira maior que a proposta de apoio a descriminalização das drogas em ano de eleição para presidente da República.
Mas eu até gostei de outra propalada qualidade de Tasso Jereissati que faria dele um excelente vice para Serra. É que sua presença na chapa refrearia os ataques do deputado Ciro Gomes.
Aí eu acho interessante, até porque como ninguém nunca soube muito bem para o que serve um vice numa campanha, isso daria um sentido para esta figura política. Está aí o papel do vice: esse é bom porque segura fulano, aquele segura o sicrano.
E o Tasso Jereissati também não precisaria mais se preocupar com sua imagem histórica. Quando depois de passar pela Rua Tasso Jereissati ou entrar na Escola Tasso Jereissati alguma pessoa fizer a famosa pergunta "Quem é esse cara?" na certa vai receber a resposta na bucha: é o cara que segurava o Ciro Gomes.
.....................
Por José Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário