sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A "burrice" do Ziraldo

O cartunista Ziraldo foi condenado por estelionato. A sentença é da Justiça Federal do Paraná e se deve negócios irregulares com dinheiro público. O cartunista recebeu R$ 75 mil para criar a logomarca de um salão de humor bancado pela prefeitura de Foz do Iguaçu. A cessão da marca obviamente era da prefeitura, mas Ziraldo registrou a marca como sua no Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

Outras cinco pessoas também foram condenadas, inclusive o irmão de Ziraldo, o também cartunista Zélio Alves Pinto, que foi acusado de receber em duplicidade pagamento da prefeitura.

Ziraldo vai recorrer, é claro. O cartunista tem como advogado um sobrinho, Gustavo Teixeira, que já disse ao Estadão que o tio ficou "extremamente revoltado", o que dá pra entender. Sentença por estelionato revolta mesmo. Teixeira admitiu ao jornal que Ziraldo pode ter registrado a marca, mas vê o gesto do tio mais como “burrice” do que como dolo.

Está aí uma novidade jurídica e até muito boa para justificar qualquer tipo de corrupção. Tem sido usual políticos dizerem que nada sabiam do que aconteceu: a lorota do “não vi nada”. Agora podem dizer que “foi burrice”. O mensalão? Ah, foi “burrice”.

Mas, voltando à condenação por estelionato do pai do menino maluquinho, o juiz também definiu na sentença um agravo de conduta pela notoriedade do réu, destacando que a atitude de Ziraldo pesa ainda mais devido ao fato de ele ter “representatividade perante o público infantil”.

O sobrinho advogado também criticou essa parte, mas isso também não é inesperado. Advogado de condenado é sempre muito crica: nunca vê nada de bom na sentença. Mas eu estou de acordo com o juiz, afinal se a Branca de Neve começa a fazer maldades por aí o delito é sempre mais grave do que quando vem da Bruxa Malvada.

É claro que o Ziraldo não é nenhuma Branca de Neve, muito longe disso, mas como é que a gente vai explicar pra criançada que o cara que fez o Menino Maluquinho está metido com estelionato com dinheiro público? Nem podemos justificar pra meninada que foi só por “burrice”, senão vai dar um trabalhão danado para explicar para os petizes a diferença entre a “burrice” do tio Ziraldo e a “burrice” do tio Sarney.
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POR José Pires

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