quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Bolsonaro e um cargo novo no Governo Federal

Uma das coisas mais estranhas na viagem do presidente Jair Bolsonaro ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, é a presença na comitiva do deputado Eduardo Bolsonaro. O deputado do PSL nunca teve destaque em sua carreira na área de relações exteriores nem atuou de forma expressiva como parlamentar em assuntos internacionais. Mesmo que tivesse feito algo de importante neste setor, nem por isso ele deveria fazer parte da comitiva do presidente da República. Aponto essas questões apenas para deixar claro sua falta de predicados em política internacional.

A menos que Bolsonaro esteja pensando em criar no Governo Federal o cargo de “filho do presidente”, o deputado Eduardo Bolsonaro destoa em uma equipe técnica e política de assessoramento da Presidência da República. Os indicativos de sua qualificação são os piores possíveis, já demonstrado até em atitudes tolas, como em outra viagem inadequada, desta vez para os Estados Unidos, quando posou para fotos com um boné de campanha de reeleição do presidente Donald Trump, atualmente ainda no meio do mandato.

Nesta mesma viagem, o deputado disse que o plano do governo de seu pai para a mudança da embaixada brasileira de Telavive para Jerusalém não causaria problemas, pois seria possível o Brasil se unir aos árabes contra o Irã. O ardiloso plano nos colocaria ao lado de sunitas contra xiitas, numa confusão violenta do Oriente Médio já bem antiga. No aspecto comercial, parece que já não está dando certo. Nesta semana a Arábia Saudita suspendeu parte das importações de frango do Brasil.

Creio que essa rápida explanação sobre os predicados do garoto já serviriam para eliminá-lo de uma comitiva internacional. Mas cabem outras informações sobre suas precárias qualidade de assessoria. Jamil Chade, enviado especial do Estadão à Davos, mandou de lá uma ótima matéria de bastidores, escrevendo sobre o que viu e ouviu na mesa em que o presidente Bolsonaro tomava café com seus assessores. O jornalista estava em uma mesa ao lado. O deputado Eduardo Bolsonaro participava do café.

Chade não conseguiu falar com o presidente, que lhe virou as costas quando foi questionado sobre a situação de seu outro filho, Flávio Bolsonaro. No texto delicioso, o jornalista fecha com Eduardo Bolsonaro fazendo uma explanação muito própria para seu pai e os assessores sobre a falta de atenção de internautas com o que vai escrito em posts. Logo depois, ele perguntou aos colegas da comitiva: "Trilionário e bilionário têm (a letra) H?". "Não, né?".

Pois então, é como eu disse. Um ajudante desses numa comitiva internacional de tamanha importância só se justifica se no Governo Federal tiver o cargo de “filho do presidente”.
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POR José Pires


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O presidente Bolsonaro no embarque para Davos, Suiça, tendo ao lado o filho deputado

Foto de Alan Santos, PR

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