terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Paulo Guedes, Onyx Lorenzoni e seus desmentidos

A revista Crusoé, do pessoal do site O Antagonista, publicou nesses dias a informação de que numa conversa pouco antes do Natal com pessoas ligadas ao mercado financeiro, o ministro Paulo Guedes disse que era a favor de que Onyx Lorenzoni saísse do governo. Segundo a Crusoé, Guedes disse que “se Onyx Lorenzoni não cair em 90 dias, o governo terá muita dificuldade para aprovar projetos da área econômica”. Reparem que é exatamente o número de dias que o próprio Guedes tem para apresentar medidas práticas e aprovadas pelos parlamentares, senão começarão a achar que ele é que tem que sair.

Neste domingo a assessoria de Paulo Guedes mandou um desmentido à revista. Em nota, disseram que é “absolutamente inverídica” a informação de que o ministro da Economia tenha defendido a saída de Onyx Lorenzoni. Sei que Guedes é tido como eficiente em economia, assim como já deu para notar que diplomacia não é seu forte. Ele tem fama de ter o pavio curto. Pelo que já foi confirmado em público, dá para imaginar as explosões nos bastidores. Não é improvável que ele tenha dito isso. É menos improvável ainda que ele não saiba do risco que corre com este articulador político.

Não discordo das desconfianças de Guedes sobre a qualificação de Onyx Lorenzoni e quanto a habilidade do colega ele deve saber muito mais do que eu, pelo que deve ter colhido em conversações pessoais com políticos que conhecem de perto Lorenzoni, deputado que em vários mandatos foi sempre uma figura apagada no plano nacional.

Existem desmentidos que contribuem mais para reforçar um assunto do que para acabar com um mal entendido. É o caso deste. Na maioria dos casos, o desmentido de um boato é o recurso mais eficiente para torná-lo mais próximo de uma notícia verídica. É um "efeito Tostines" todo entortado, de embrulhar o estômago, como já deve estar sabendo agora o ministro Onyx Lorenzoni, com este tic-tac de 90 dias que soa em sua cabeça mesmo que de fato não tenha sido armado pelo Guedes.
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POR José Pires

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