sábado, 5 de janeiro de 2019

Bolsonaro: o problema não é tirar, mas ter o que por no lugar

Já começa a ocorrer o que seria inevitável para conter o açodamento do governo que está começando: o tal “choque da realidade”. Em reunião ministerial nesta quinta-feira, ficou claro que nem todos os ministros seguirão a regra de demissão geral de comissionados da gestão anterior. Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, era um dos mais animados com a proposta, até porque viu nisso a chance de criar factóides com a conversa sobre a tal “despetização”. Ora, o presidente Jair Bolsonaro não pegou o governo das mãos do PT. A faixa foi entregue por Michel Temer, que não ficou pouco tempo no cargo. Foram mais de dois anos. Portanto, os cargos comissionados eram dele e não de Dilma Rousseff ou de Lula.

Temer é bem mais experiente no conhecimento do funcionamento do Governo Federal, além de ter relações muito mais amplas que o ministro Lorenzoni. Aliás, nessas coisas é mais qualificado até que Jair Bolsonaro, embora o paralelo não lhe dê grande mérito. Portanto, onde houver um ou outro servidor mais à esquerda mantido por seu governo é porque não teve mesmo jeito de substituir por outro profissional politicamente mais afinado. Além disso, não diziam que perseguição baseada em opinião pessoal era coisa do PT? Parece que não é bem assim.

Como eu já disse aqui mesmo, a substituição ou qualquer forma de remanejamento de funcionários é um direito do governo que entra. Sempre foi assim. O problema é arrumar gente qualificada quando se é eleito de forma extraordinária, sem projeto de governo e nem mesmo ter um partido organizado, ainda mais com a vitória liderada por um político que sempre foi isolado, tendo ao seu lado em toda a carreira política apenas os filhos. Este é o perfil do governo que aí está querendo fazer uma limpa geral sem antes ter criado quadros políticos.

Desse jeito, correm o risco de perder muito tempo com tretas políticas sem aproveitamento prático, passando parte essencial do mandato arrumando mais complicações do que algo para apresentar. Está todo mundo esquentado demais numa hora que é de esfriar a cabeça e se concentrar no que é mais prático, para começar a fazer o governo andar, dando encaminhamento ao que se pretende fazer. Mas para isso alguém lá em Brasília teria que dar um grito e avisar que a campanha já acabou. E vocês ganharam, babacas!
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POR José Pires


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Imagem- O presidente Bolsonaro e o ministro Onyx Lorenzoni na
primeira reunião do Conselho de Governo: ânimo, pessoal!

Foto de Marcos Corrêa, PR

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