sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Flavio Bolsonaro e Queiróz, a volta da dupla que encrencou o governo Bolsonaro

O pedido de suspensão da investigação sobre Fabrício Queiroz, feito por Flávio Bolsonaro, é o tipo de defesa desastrosa tanto para Flávio Bolsonaro quanto para seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. O pedido foi feito nesta quarta-feira ao STF e atendido no mesmo dia pelo ministro Luiz Fux. A solicitude deve acabar com a vontade de qualquer membro da família Bolsonaro de mandar um soldado e um cabo até a mais alta Corte do país.

A alegação de Flávio Bolsonaro, ex-chefe de Queiróz, agrava ainda mais o impacto político que já não era altamente desgastante. O político recorreu ao foro privilegiado. Ele foi chefe de Queiróz como deputado estadual no Rio de Janeiro e assumirá em fevereiro o mandato de senador. Até agora o filho de Bolsonaro se defendia afirmando que seu antigo assessor é quem devia explicações.

É espantoso como da transição para cá e com menos de um mês de governo desmontou-se toda a imagem de respeito à moralidade pública que teve influência decisiva na eleição de Jair Bolsonaro. Foram vários equívocos abalando conceitos éticos, como a nomeação com a triplicação do salário do filho do vice-presidente no Banco do Brasil, além de outras coisas muito mal explicadas, que juntaram-se à graves suspeitas de ilegalidade, como neste caso das movimentações do ex-assessor Queiróz, que inclui até um cheque para a primeira-dama.

Na prática, junto à opinião pública este pedido de Flávio Bolsonaro é praticamente uma confissão de que estamos diante de um caso muito sério, no qual ele tem grande responsabilidade e que pode atingir também o presidente da República. Como conceder o benefício da dúvida para um político que age desse jeito? Para muita gente, mesmo entre quem votou em Bolsonaro, passa como confissão de culpa. De qualquer modo, isso não é mais algo apenas do Queiróz e sua habilidade de “fazer dinheiro”, da qual ele mesmo se gabou.

Um dado curioso dessas complicações é que para compensar tanto desgaste Jair Bolsonaro ficará com a obrigação de ter que realizar muito mais do que a população aceitaria numa condição política de normalidade. A recuperação da imagem entre quem acreditou em suas bandeiras éticas pode ter exigências que excedem a capacidade de qualquer “Posto Ipiranga”. Claro que os brasileiros que não votaram nele exigirão ainda mais. Por causa de decisões erradas, deslizes éticos e graves suspeitas de ilegalidades, Bolsonaro terá que superar metas de governo que normalmente já seria muito difícil de alcançar.
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POR José Pires

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