O bolsonarismo sempre foi muito parecido com o petismo, como pode-se constatar no comportamento de idiotas de ambos os lados nas redes sociais, onde atuam como um espelho em matéria de fanatismo e agressividade. Pois agora o bolsonarismo está usando até o bordão do PT, que gritava “É golpe!” para se defender do impeachment de Dilma Rousseff.
Como se sabe, para o PT não deu certo, mesmo com toda estrutura política historicamente mantida pelo partido do Lula, com seus sindicatos aparelhados, a forte penetração em várias instituições, o domínio político e cultural nas universidades, enfim todo o esquema de poder construído durante décadas.
Para um movimento como o dos bolsonaristas, que se dilaceram feito hienas em brigas infernais até entre eles, funcionará menos ainda essa tentariva de espalhar pela internet a narrativa falsa de que é um golpe a reação que se arma na sociedade civil brasileira para eliminar democraticamente um grave estorvo para o país sair da crise terrível que já vinha da absoluta incompetência de Jair Bolsonaro, incapaz de organizar um governo até mesmo nas suas mais ordinárias obrigações.
Para atacar medidas de prefeitos e governadores no combate ao coronavírus, Bolsonaro vive falando em “volta ao trabalho”, mas trabalho onde? Antes do coronavírus, com já mais de um ano de mandato de Bolsonaro, seu governo não havia recuperado significativamente os empregos perdidos no governo de Dilma. O primeiro ano de governo terminou com um PIB inferior ao do período de Dilma e Temer, no que ficou conhecido como o pibinho de Bolsonaro.
Claro que não é apenas pela impressionante incapacidade de Bolsonaro que a ideia de um impeachment foi crescendo entre os brasileiros. Infelizmente no regime presidencialista um governo não cai pela incapacidade, senão Bolsonaro já teria sido obrigado a ir para casa com poucos meses de mandato. No entanto, foram aparecendo vários motivos legais para a abertura de um processo.
Nos últimos dias, com sua demissão o ex-ministro Sergio Moro trouxe outras razões relevantes para o impeachment, como a planejada intromissão pessoal de Bolsonaro na Polícia Federal, que o espertalhão do presidente ainda confirmou depois, de própria voz, em uma das suas amalucadas aparições.
Moro tem depoimento marcado neste sábado na PF, exatamente sobre suas acusações, que foi o que deu impulso aos bolsonaristas para imitar o bordão petista do “É golpe!”. Os seguidores de Bolsonaro criaram as hashtags “golpe de Estado” e “golpe do STF”. E na manhã deste sábado, na frente do Palácio da Alvorada, onde faz aqueles ridículos comícios improvisados, Bolsonaro disse que “ninguém vai tentar dar golpe”.
O circo da direita brasileira está ficando cada vez mais animado e cada vez mais parecido com os espetáculos do PT quando houve o impeachment de Dilma. Como eu já escrevia uns dias atrás, será muito mais engraçado quando o bolsonarismo tiver que lançar também o seu “Bolsonaro livre!”.
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POR José Pires
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