Blogueiros bolsonaristas, políticos e empresários ligados ao presidente Jair Bolsonaro acordaram nesta quarta-feira com a Polícia Federal na porta. Eles foram visitados pela polícia em busca de provas no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura produção de notícias falsas e ameaças à Corte, o chamado “inquérito das Fake News”. As ordens judiciais assinadas pelo ministro Alexandre de Moraes foram cumpridas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Santa Catarina e Paraná.
Entre os alvos estão o blogueiro Allan dos Santos, figura destacada da agitação governista, além de Sara Winter, militante bolsonarista que ultimamente chamou a atenção com a organização de um acampamento em frente ao Congresso Nacional, com cerca de duas dezenas de barracas de um modelo vendido nas lojas Havan, de Luciano Hang. Sara Winter, cujo nome verdadeiro é Sara Geromini, já foi da equipe da ministra Damares Alves.
O grupo de Sara Winter ou Geromini lançou um manifesto que fala em “tomar o poder para o povo”. Recentemente, em discussão pelo Twitter a militante direitista apontou como mentor de suas ações Olavo de Carvalho, o guru do presidente Jair Bolsonaro. “Quem me pediu pra fazer tudo isso foi o professor Olavo”, escreveu.
Blogs e sites bolsonaristas criadores e distribuidores de notícias falsas vem tendo o financiamento do governo de Jair Bolsonaro, por meio de publicidade de estatais. Suspeita-se também que exista um financiamento feito por empresários governistas, com apoio financeiro também para youtubers que defendem Bolsonaro e atacam a oposição. Desse modo, o governo bolsonaro repete exatamente o que o PT fez quando esteve no poder.
Em recente apuração sobre financiamento de um site bolsonarista, o TCU revelou que o Banco do Brasil gastou no ano passado 119 milhões de reais na internet. O Banco do Brasil chegou a retirar a publicidade de um blog bolsonarista que espalha fake news, mas voltou a anunciar depois de reclamação feita por Carlos Bolsonaro.
A operação desta quarta-feira também teve como alvos o ex-deputado federal Roberto Jefferson, o empresário Luciano Hang, da Havan, e Edgard Corona, dono da maior rede de academias de ginástica da América do Sul, a Smart Fit.
O inquérito das fake news é uma das grandes complicações de Jair Bolsonaro e teria sido um dos motivos da sua tentativa de interferência na Polícia Federal, que provocou a demissão de Sergio Moro. Segundo o colunista Merval Pereira, de O Globo, Bolsonaro se preocupa muito com esta investigação porque o inquérito “de 10 a 12 deputados bolsonaristas, mais empresários”.
Além da operação policial desta manhã, o ministro Alexandre de Moraes determinou que deputados bolsonaristas prestem depoimento à PF. Serão ouvidos os deputados federais Filipe Barros, Bia Kicis, Carla Zambelli, Luiz Phillipe Orleans e Bragança, Daniel Silveira e também os deputados estaduais Cabo Junio Amaral, Douglas Garcia e Gidelvanio Santos Diniz.
A rede bolsonarista na internet naturalmente já se levantou contra a ação da polícia, com violentos ataques ao ministro Alexandre de Moraes. Deputados bolsonaristas alvos do inquérito também estão reclamando. No Paraná, o deputado Filipe Barros, que na sua conta do Twitter se apresenta como “Deputado Federal eleito por Jair Bolsonaro”, ficou indignado com a operação da PF. Ele usou o Twitter para um apelo às massas. “É mais que oficial: vivemos uma ditadura do STF”, ele escreveu. “Só o povo na rua pode detê-la”.
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POR José Pires
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