O ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez uma visita no sábado à casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. O senador sofre processo por falta de decoro acusado de ter utilizado dinheiro de uma empreiteira para pagar despesas pessoais. E o Conselho de Ética do Senado já pediu sua cassação, que já está para ser votada.
Jobim disse que a visita foi “de cortesia”. “O senador foi muito leal comigo e não pude deixar de fazer essa visita”. A visita pareceu mais ser um ato de solidariedade. O ministro de Lula até se deixou fotografar ao lado do presidente do Senado.
Na saída, em entrevista à imprensa Jobim, da Defesa, parecia mais advogado de defesa de Calheiros. Disse que o senador “está cansado e aborrecido com o prolongamento do processo de cassação, mas não tem medo de perder o mandato”, e que os dissabores que ele sofre são fortes que, ainda assim, Calheiros estaria certo de que pode se livrar das acusações.
“Ele está confiante no procedimento político. Político nenhum se entrega”, disse Jobim. A afirmação, que soa como ato falho, de que “político nenhum se entrega”, fica por conta do ministro da Defesa.
Nelson Jobim foi presidente do Supremo Tribuna Federal (STF). Também foi sócio de Eduardo Ferrão, advogado de Renan Calheiros. Essa proximidade lança suspeitas de que o ministro de Lula estaria ajudando na defesa do presidente do Senado.
No passado, como presidente do STF, Jobim já havia procurado políticos durante a crise do “Mensalão” e dado conselhos a eles. Não há justificativa para tal atitude em um presidente de tribunal, ainda mais de um que, forçosamente, teria de julgar os acusados caso a denúncia fosse a frente, como acabou ocorrendo.
O advogado de Calheiros negou que Jobim esteja auxiliando na defesa. Disse que os dois se reuniram com o presidente do Senado mas que a conversa foi mais política que jurídica. Depois da conversa, Jobim saiu defendendo que o Congresso apresse o julgamento de Renan. Para ele, os senadores têm o dever de dar logo ao país uma resposta sobre o caso e pôr um fim às discussões internas sobre o tema.
A investigação sobre a acusação de troca de favores entre Renan e o lobista Cláudio Gontijo da empreiteira Mendes Júnior atrapalha a tramitação de projetos importantes para o governo Lula, que demonstra desde o início da crise que se importa menos com a ética neste caso do que com seus interesses pontuais no Congresso Nacional.
BIOGRAFIAS DIMINUTAS Em uma coluna recente, o jornalista Clóvis Rossi, da Folha de S. Paulo, onde fez uma breve lista sobre figuras importantes da “era Lula no Legislativo”, mostrando as encrencas em que se meteram o petista João Paulo Cunha, o ex- presidente da Câmara Severino Cavalcanti,o ex-líder do governo Professor Luizinho e Renan Calheiros, todos próximo de Lula e com suas carreiras alavancadas para cima com a ajuda do Planalto. Todos são acusados de atos ilícitos.
Na coluna, com o ótimo título de “Pequenas biografias”, Rossi colocou apenas esses quatro por motivo de espaço. E não teria mesmo espaço para a quantidade de “pequenas biografias” deste governo.
A mais recente delas é a de Nelson Jobim, que Lula colocou no ministério da Defesa para controlar graves crises, mas que por lá já está quebrando louças com seu corpanzil.
Jobim tem uma história triste para nós todos em sua pequena biografia. Foi deputado constituinte e fraudou a Constituição de 1988. Foi ele mesmo que confessou. Segundo disse, incluiu dois artigos que não tinham sido aprovados.
Um estudo realizado pelos professores Adriano Benayon e Pedro Dourado de Rezende, mostra que Jobim adicionou três incisos ao artigo 172 da Carta Magna, para proibir que os recursos destinados ao "serviço da dívida" (ao pagamento de juros aos bancos) pudessem ser remanejados no Orçamento.
Segundo conta o jornalista Sebastião Nery, o escritório que Jobim teve em sociedade com Eduardo Ferrão, tinha entre seus clientes o Citybank, um dos beneficiados com a “emenda” que os professores afirmam ter sido uma das que Jobim colocou de forma fraudulenta na Constituição.
Depois de confessar a fraude, Jobim foi ministro da Justiça de FHC (um governo interessante neste aspecto, já que o outro titular da Pasta foi Renan Calheiros), presidente do STF e, agora, é ministro da Defesa. Coisas do Brasil.
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POR José Pires
Jobim disse que a visita foi “de cortesia”. “O senador foi muito leal comigo e não pude deixar de fazer essa visita”. A visita pareceu mais ser um ato de solidariedade. O ministro de Lula até se deixou fotografar ao lado do presidente do Senado.
Na saída, em entrevista à imprensa Jobim, da Defesa, parecia mais advogado de defesa de Calheiros. Disse que o senador “está cansado e aborrecido com o prolongamento do processo de cassação, mas não tem medo de perder o mandato”, e que os dissabores que ele sofre são fortes que, ainda assim, Calheiros estaria certo de que pode se livrar das acusações.
“Ele está confiante no procedimento político. Político nenhum se entrega”, disse Jobim. A afirmação, que soa como ato falho, de que “político nenhum se entrega”, fica por conta do ministro da Defesa.
Nelson Jobim foi presidente do Supremo Tribuna Federal (STF). Também foi sócio de Eduardo Ferrão, advogado de Renan Calheiros. Essa proximidade lança suspeitas de que o ministro de Lula estaria ajudando na defesa do presidente do Senado.
No passado, como presidente do STF, Jobim já havia procurado políticos durante a crise do “Mensalão” e dado conselhos a eles. Não há justificativa para tal atitude em um presidente de tribunal, ainda mais de um que, forçosamente, teria de julgar os acusados caso a denúncia fosse a frente, como acabou ocorrendo.
O advogado de Calheiros negou que Jobim esteja auxiliando na defesa. Disse que os dois se reuniram com o presidente do Senado mas que a conversa foi mais política que jurídica. Depois da conversa, Jobim saiu defendendo que o Congresso apresse o julgamento de Renan. Para ele, os senadores têm o dever de dar logo ao país uma resposta sobre o caso e pôr um fim às discussões internas sobre o tema.
A investigação sobre a acusação de troca de favores entre Renan e o lobista Cláudio Gontijo da empreiteira Mendes Júnior atrapalha a tramitação de projetos importantes para o governo Lula, que demonstra desde o início da crise que se importa menos com a ética neste caso do que com seus interesses pontuais no Congresso Nacional.
BIOGRAFIAS DIMINUTAS Em uma coluna recente, o jornalista Clóvis Rossi, da Folha de S. Paulo, onde fez uma breve lista sobre figuras importantes da “era Lula no Legislativo”, mostrando as encrencas em que se meteram o petista João Paulo Cunha, o ex- presidente da Câmara Severino Cavalcanti,o ex-líder do governo Professor Luizinho e Renan Calheiros, todos próximo de Lula e com suas carreiras alavancadas para cima com a ajuda do Planalto. Todos são acusados de atos ilícitos.
Na coluna, com o ótimo título de “Pequenas biografias”, Rossi colocou apenas esses quatro por motivo de espaço. E não teria mesmo espaço para a quantidade de “pequenas biografias” deste governo.
A mais recente delas é a de Nelson Jobim, que Lula colocou no ministério da Defesa para controlar graves crises, mas que por lá já está quebrando louças com seu corpanzil.
Jobim tem uma história triste para nós todos em sua pequena biografia. Foi deputado constituinte e fraudou a Constituição de 1988. Foi ele mesmo que confessou. Segundo disse, incluiu dois artigos que não tinham sido aprovados.
Um estudo realizado pelos professores Adriano Benayon e Pedro Dourado de Rezende, mostra que Jobim adicionou três incisos ao artigo 172 da Carta Magna, para proibir que os recursos destinados ao "serviço da dívida" (ao pagamento de juros aos bancos) pudessem ser remanejados no Orçamento.
Segundo conta o jornalista Sebastião Nery, o escritório que Jobim teve em sociedade com Eduardo Ferrão, tinha entre seus clientes o Citybank, um dos beneficiados com a “emenda” que os professores afirmam ter sido uma das que Jobim colocou de forma fraudulenta na Constituição.
Depois de confessar a fraude, Jobim foi ministro da Justiça de FHC (um governo interessante neste aspecto, já que o outro titular da Pasta foi Renan Calheiros), presidente do STF e, agora, é ministro da Defesa. Coisas do Brasil.
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POR José Pires
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