No álbum que o Museu do Holocausto liberou ao público, o terraço onde os oficiais e ajudantes do corpo feminino aparecem refestelados tomando sol situa-se a pouca distância dos galpões dos prisioneiros. Chega a ser patética a confraternização em meio ao horror. E o período em que foram tiradas é um dos piores que houve no campo de concentração. A guerra já estava quase no fim. Os nazistas começaram a destruir provas que os pudessem incriminar. E passaram a acelerar as mortes em Auschwitz.
O jornalista norte-americano Otto Friedrich escreveu um ótimo livro sobre o tema. Friedrich tem um texto excelente. É autor de outros dois bons livros publicados no Brasil, um sobre Hollywood e sobre Paris no tempo dos impressionistas. Também escreveu uma excelente biografia do pianista Glenn Gould. Mas é em No fim do mundo que trata de Auschwitz. No livro, conta que na noite de agosto de 1944 cerca de quatro mil ciganos foram para a câmara de gás. Esta matança deve ter ocorrido no intervalo dessas alegres fotografias.
No mesmo período em que foram feitas as fotografias, em outubro, houve uma revolta de prisioneiros que acabou sendo dominada com violência pelos soldados da SS. Na repressão foram mortas cerca de 500 pessoas, a maior parte delas fuzilada depois de capturadas ou na câmara de gás. Alguns prisioneiros foram levados para o lado de fora do campo e queimados vivos por soldados da SS com lança-chamas.
É nesse clima que os alemães foram fotografados em Auschwitz. Caso não fosse bem conhecida a determinação dos nazistas em seu projeto de extermínio, a alienação pareceria próxima da loucura. É de se notar também a alienação deles em relação ao desenrolar da guerra, já em seu final. Já era sabido que, como bem lembra Friedrich, pouquíssimos líderes nazistas agiram de maneira racional nos últimos meses da guerra, mas, de qualquer modo, quem esperaria se deparar com as fotos comprovadoras deste bizarro irrealismo?
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POR José Pires
O jornalista norte-americano Otto Friedrich escreveu um ótimo livro sobre o tema. Friedrich tem um texto excelente. É autor de outros dois bons livros publicados no Brasil, um sobre Hollywood e sobre Paris no tempo dos impressionistas. Também escreveu uma excelente biografia do pianista Glenn Gould. Mas é em No fim do mundo que trata de Auschwitz. No livro, conta que na noite de agosto de 1944 cerca de quatro mil ciganos foram para a câmara de gás. Esta matança deve ter ocorrido no intervalo dessas alegres fotografias.
No mesmo período em que foram feitas as fotografias, em outubro, houve uma revolta de prisioneiros que acabou sendo dominada com violência pelos soldados da SS. Na repressão foram mortas cerca de 500 pessoas, a maior parte delas fuzilada depois de capturadas ou na câmara de gás. Alguns prisioneiros foram levados para o lado de fora do campo e queimados vivos por soldados da SS com lança-chamas.
É nesse clima que os alemães foram fotografados em Auschwitz. Caso não fosse bem conhecida a determinação dos nazistas em seu projeto de extermínio, a alienação pareceria próxima da loucura. É de se notar também a alienação deles em relação ao desenrolar da guerra, já em seu final. Já era sabido que, como bem lembra Friedrich, pouquíssimos líderes nazistas agiram de maneira racional nos últimos meses da guerra, mas, de qualquer modo, quem esperaria se deparar com as fotos comprovadoras deste bizarro irrealismo?
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POR José Pires
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