quinta-feira, 16 de abril de 2020

Bolsonaro, o presidente que não gosta de ministro que trabalha direito

Desde ontem Jair Bolsonaro vem bombando no item de busca do Google como “Pior presidente do mundo”. Nosso presidente se destaca como o pior na sua visão política do combate ao novo coronavírus. Como de costume, Bolsonaro fez tudo errado, escolhendo um caminho totalmente diferente de todos os governantes de países vitimados por este vírus que assola o mundo.

Não é pouca coisa ser o “pior presidente do mundo”, mas para a nossa desgraça bastaria que ele fosse nosso pior presidente, o que já está devidamente configurado, não só pelos seus grosseiros equívocos na guerra para evitar a contaminação em massa, com o consequente colapso do sistema sanitário, um duro combate em que o ex-capitão do Exército Brasileiro atua como quinta-coluna, sabotando o bravo esforço da população brasileira. Bem que o general Ernesto Geisel já havia afirmado que Bolsonaro era um “mau militar”. Pois agora revelou-se também um traidor do interesse coletivo do nosso país.

Para lembrar o mote daquele ex-presidente gatuno idolatrado pela esquerda, nunca antes neste país se viu algo como este mandato deplorável de Bolsonaro como presidente da República. Mas espera aí: não seria um exagero a consagração de Bolsonaro como o pior presidente, considerando os feitos de Lula e seu partido durante os quatro mandatos até Dilma Rousseff sofrer o impeachment, quando implantaram no governo brasileiro um esquema de corrupção como nunca houve em nossa história?

Não depois dessa lamentável performance de Bolsonaro durante a crise do coronavírus, quando ele definitivamente comprovou uma inacreditável incompetência, além da grosseria e até de uma desumanidade que parece provir de alguém com falta de empatia com o sofrimento do próximo. Não resta nenhuma dúvida de que Bolsonaro coloca em perigo o nosso país.

Mesmo depois que for assegurado o controle da contaminação deste vírus letal, manter este sujeito sem noção como presidente da República seria um atentado à razão, além do Brasil passar a ser considerado internacionalmente uma ridícula republiqueta, sob o comando do “pior presidente do mundo”.

Bolsonaro não consegue ser efetivo nem para o alcance de seus próprios objetivos. Ainda que na maioria dos casos suas intenções sejam politiqueiras, teoricamente bem fáceis de emplacar entre esta cada vez mais decadente classe política brasileira, o processo sempre esbarra na sua personalidade tomada por conflitos que, mais que um tratamento psicológico, parece exigir uma camisa-de-força.

O presidente é um homem gravemente perturbado por fantasmas que não cabe ao país ter sob seu cuidado, muito menos toda a sociedade civil aceitar o convívio cotidiano com os melindres de uma figura ressentida com qualquer coisa e que como chefe está fadado a se cercar de uma corte de puxa-sacos, levado por este seu defeito até risível como comandante, na constrangedora perturbação com o sucesso das ações de seus subordinados.

Bolsonaro trabalha com uma perspectiva muito simples — primeiro o que é dele e da família —, o jeito como sempre construiu sua carreira. A cantilena de “Deus acima de todos”, assim como o slogan “Brasil acima de tudo”, que virou marca de seu governo depois de ter sido arrotada incessantemente na sua campanha, tudo isso é mera propaganda política.

Na sua insensata hipocrisia, Deus pode ser trocado pelo gesto da arminha na mão, da cloroquina ou mesmo da pílula milagrosa que currava o câncer — Bolsonaro foi um dos autores do projeto que passou por cima da Anvisa, fazendo a Câmara avalizar aquela fraude. Qualquer lorota serve, se isso servir ao seu interesse imediato, perseguido de forma conturbada.

Mas ele se ressente quando vê pela frente a necessidade do trabalho duro, de perspectiva de longo prazo, sem a garantia ainda que ilusória do ganho rápido. Esta é a divergência dele com seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o trabalho da equipe do ministério no ataque ao coronavírus.

Bolsonaro é o homem dos ruídos, o que mantém o país nesta terrível dificuldade de encontrar um discurso unificado mesmo frente ao perigo de um problema dramático como a pandemia do coronavírus. Se os brasileiros não se conscientizarem de que o Brasil precisa se livrar de forma democrática deste sujeito que complica o que é de sua obrigação descomplicar, teremos sofrimentos demais pela frente, mesmo depois do país ter vencido este vírus.

Não basta achatar a curva maléfica do coronavírus. O mandato incompetente de Bolsonaro também precisa sofrer um achatamento.
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POR‌ ‌José‌ ‌Pires‌

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