Já se diz que Regina Duarte pensa em sair do governo Bolsonaro. “Isolada e com medo, Regina Duarte deu sinais de que pode abandonar o barco”, publica o site da Veja. Republicando a informação, O Antagonista diz que esta “é a última chance que ela tem”, no que eles tão muito certos. A saída de Moro é a oportunidade para uma justificada fuga de um lugar onde ela nunca deveria ter entrado.
Antes mesmo de assumir a Secretaria da Cultura, Regina teve a oportunidade de conhecer o nível das reações de apoiadores do governo em razão de qualquer divergência de opinião, por mínima que seja. Foi violentamente atacada, recebendo ofensivas porretadas do próprio Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro e de seus filhos.
Neste domingo apareceu um recado duro de como será o clima no governo. O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, escreveu no Twitter: “Quem nomeia esquerdistas no governo Bolsonaro deveria ter vergonha na cara, retirar-se com sua turma e tentar voltar somente em 2022 por meio do voto! Se é um recado para a atriz? Sim!”.
A partir daí, Camargo seguiu em diálogo com internautas, em conversas que parecem combinadas, em um nível equivalente ao caráter do bolsonarismo, sempre rastejando na sarjeta. Em troca de mensagens, ele critica a atriz por não ter ido ao pronunciamento atrapalhado de Bolsonaro na última sexta-feira, que deveria ser uma resposta às acusações de Sergio Moro. Camargo ironizou a ausência: “Cuidando dos gatos”.
Regina está em isolamento social no Rio de Janeiro. Com 73 anos, ela faz parte do grupo de maior risco de morte pelo coronavírus. Como já se sabe desde a viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, quando duas dezenas de pessoas da sua equipe voltaram com o vírus, a área de contaminação mais arriscada hoje em dia no Brasil é próximo dos perdigotos do presidente.
Noutra mensagem, em resposta a uma internauta sobre as ações da Secretaria comandada pela atriz, Camargo procura criar uma confusão ética, atacando medidas de Regina para atenuar os efeitos da pandemia no setor cultura. “Flexibilizou a prestações de contas da muito lei Rouanet, beneficiando a sórdida classe artística”, escreveu. É óbvia a intenção de acusar a atriz de cumplicidade com abusos no uso de dinheiro público.
Em tese, o presidente da Fundação Palmares é um subordinado da atriz, mas apenas em tese. Essa é uma das formalidades sem nenhuma validade no governo Bolsonaro. Camargo obedece apenas ao presidente e a seus filhos, o que deixa claro que sem uma autorização deles jamais usaria o tom dos recados para aquela a quem deveria respeitar como chefe. Foi uma tuitada mostrando publicamente que a carta branca de Bolsonaro para Regina vale tanto quanto a de Moro.
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POR José Pires
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