Estava demorando para Olavo de Carvalho usar suas redes sociais pedindo a cabeça do ministro no ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, até que afinal ele não se conteve e passou a descer o sarrafo no ministro. Com a demora podia-se até pensar que ele poupava publicamente o ministro em razão de uma estratégia, o que não é o meu caso, pois sei muito bem que se tivesse senso estratégico o velho professor não teria ligado o conservadorismo brasileiro e sua própria imagem intelectual ao governo de um sujeito despreparado como Jair Bolsonaro.
E aproveitando que bolsonaristas são tarados por teorias conspiratórias, por que não perguntar se Olavo não seria um agente gramscista que infiltrou-se na direita brasileira para desmoralizar a própria direita e impedir que se estabeleça no Brasil um pensamento conservador inteligente e equilibrado? Mas, supondo que o guru do Bolsonaro não seja de fato um traíra esquerdista com a missão de quebrar a direita, mesmo nesse sentido o irascível mentor fez um serviço completo. Ah, isso ele fez.
Depois do maquiavélico Olavo e seu príncipe de araque Bolsonaro, por muito tempo ficará difícil aplicar no país um pensamento de direita, sendo que as agressivas trapalhadas de Olavo complicaram ainda o conservadorismo, que fica difícil de ser levado a sério depois de ter sido associado a tantas idiotices, que vão da terra plana à negação da existência da mortalidade do Covid-19 e até mesmo da existência da ditadura militar, entre outras estapafurdices, seja negando obviedades ou trazendo novidades que dão até vergonha alheia.
Então Olavo de Carvalho seria mais um desses gramscistas com suas matreirices? Desenvolvam isso, bolsonaristas, que eu sei que vocês conseguem. Ah, mais um dado: Olavo já foi do Partido Comunista e confessou em vídeo que trabalhava em missões sob as ordens da cúpula do partido.
Mas, voltando ao pedido de Olavo nas redes sociais pela cabeça do ministro Luiz Henrique Mandetta, a posição assumida por Bolsonaro em relação ao novo coronavírus é a repetição do que o velho professor vem publicando em suas redes sociais. Os filhos do presidente repetem a mesma ladainha, vinda de um sujeito que afirmou que nenhuma das mortes ocorridas no mundo foi causada pelo Covid-19.
Na sua visão muito peculiar, os procedimentos de combate ao contágio, como o isolamento social, não passam de manipulação política, sendo, ainda do jeito que ele falou, “a mais vasta manipulação de opinião pública que já aconteceu na história humana”.
“Essa epidemia simplesmente não existe”, ele disse da pandemia que assola o mundo com mais de 60 mil mortes até agora, causando perturbação até em países de alto poder econômico e capacidade científica, pela dificuldade de cessar a mortandade e para administrar as terríveis condições previstas no enfrentamento das consequências dessa dramática situação.
Bolsonaro segue mais ou menos nessa linha, um negacionista como Olavo, de modo que não dá para ter dúvida de quem vem as instruções da sua desastrosa posição como presidente da República. O presidente ficou isolado tanto no Brasil como no plano internacional, numa lição, digamos, filosófica, muito prática da diferença entre um velhaco afirmando bobagens sozinho de um escritório nas Virgínia e um líder popular fazendo o mesmo em meio a maior crise mundial depois da Segunda Guerra.
Mandetta virou alvo do ódio de Olavo por causa da recusa do ministro em obedecer as ordens insensatas de Bolsonaro. O Brasil segue aplicando o isolamento social e evidentemente acreditando que a ação letal do vírus não é ilusão criada por manipuladores. Acaba sendo um estorvo sério para o professor se impor como filósofo que haja esta recorrente negativa de um conjunto de pessoas em ajudá-lo a forçar uma disciplinada adequação da realidade às suas teorias. Ninguém colabora. Fica difícil também que ideias conservadoras ganhem respeito no país, criando, como eu já disse, horizontes de muita complicação para uma direita de uma burrice que chega a anular até seu instinto de sobrevivência.
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POR José Pires
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