A rapidez da internet pode levar a erros muito chatos. O formato blog, então, é dos mais arriscados. Como a agilidade é um dos charmes deste formato, a necessidade de dar a notícia antes dos outros dificulta a busca da confirmação, uma das regras básicas do bom jornalismo.
Nesta semana o jornalista Luís Nassif enterrou um colega de modo, digamos assim, prematuro. Ele noticiou a morte do jornalista econômico Hélio Gama. O problema, não para o Gama evidentemente, é que ele está vivinho da silva. É certo que o blogueiro aproveitou a velocidade para também tentar fazer um conserto rápido, mas fica sempre um certo estrago na credibilidade do blog. Nassif soube da notícia por um vice-presidente da Rede RBS, em Porto Alegre, e postou a nota pela manhã. Poucas horas depois veio o desmentido, primeiro dos filhos de Helio Gama e depois pelo próprio.
Vale a pena ler o texto de Nassif e os desmentidos − em comentários postados no próprio blog, é claro. A gafe deve ficar na história dos blogs brasileiros. É um jeito meio chato de entrar pra história da internet, mas dessa Nassif não escapa. Primeiro vamos ao texto onde o blogueiro faz o elogio fúnebre do colega:
16/03/08 09:35
Na sexta, em Porto Alegre, fico sabendo do falecimento de Hélio Gama, grande jornalista, responsável pelo caderno de investimentos da Veja na época do boom da Bolsa, início dos anos 70. Foi com ele que cumpri as primeiras pautas sobre o tema.
Depois, Hélio passou por inúmeros veículos, teve uma fase importante na Gazeta Mercantil. Era um sonhador extraordinário, um piloto de Boeing que, infelizmente, só conseguiu pilotar aviões menores - sem fôlego para bancar suas idéias.
Uma perda para o jornalismo econômico.
Agora, o comentário dos filhos de Gama:
Enviado por: Gabriel Gama
Nassif:
Eu, meu irmão, minha irmã e minha mãe garantimos:
Meu pai está vivo e muito ativo, ainda sonhando alto.
Pode ter certeza que, quando ele vier a falecer de verdade, as homenagens serão muito maiores do que dois parágrafos no teu blog.
Abraço.
16/03/2008 13:41
E, finalmente, o texto enviado por Helio Gama, que até mostrou uma certa vivacidade jornalística fazendo algo interessante com um assunto tão tétrico.
Enviado por: helio gama
nunca pensei que tivesse que fazer aquilo que outros já fizeram na história da comunicação mundial e dizer: Senhor Redator devo informá-lo que há um certo exagero na notícia da minha morte. Pelo menos é o que atestam minha mulher, meus filhos, genro, nora e até meus quatro netinhos meus amados evangelistas Thiago, João Matheus e Lucas com quem acabo de falar e garantem que me ouvem e vêem. Estou me sentindo tão vivo que estou com gana de botar mais um ou dois boeings no ar.
Quanto ao que fiz no jornalismo a história dirá da verdadeira importância ou não. Em minha defesa devo dizer apenas que participei intensamente dos dois mais importantes projetos editoriais brasileiros da segunda metade do século XX, como colaborador, a Veja e a modernização da Gazeta Mercantil; concebi quatro jornais diários e um semanário e concretizei-os. Conduzi a reforma e modernização de dois outros diários. E, graças a Deus, nunca fechei nenhum produto editorial e nenhum profissional que trabalhou comigo teve vergonha do que estava fazendo. Faça o seguinte:procure os profissionais que não gostam de mim e pergunte sobre a qualidade desses trabalhos.
helio gama
Nota: lembrei de duas coisas a propósito da notícia sobre minha morte: a) que nos antigamente a gente aprendia que notícias precisavam ser confirmadas antes de publicadas; e b) que tinha uma coisa que envergonhava qualquer repórter: ter que publicar a famosa mensagem de VEJA ERROU!
16/03/2008 14:11
Nesta semana o jornalista Luís Nassif enterrou um colega de modo, digamos assim, prematuro. Ele noticiou a morte do jornalista econômico Hélio Gama. O problema, não para o Gama evidentemente, é que ele está vivinho da silva. É certo que o blogueiro aproveitou a velocidade para também tentar fazer um conserto rápido, mas fica sempre um certo estrago na credibilidade do blog. Nassif soube da notícia por um vice-presidente da Rede RBS, em Porto Alegre, e postou a nota pela manhã. Poucas horas depois veio o desmentido, primeiro dos filhos de Helio Gama e depois pelo próprio.
Vale a pena ler o texto de Nassif e os desmentidos − em comentários postados no próprio blog, é claro. A gafe deve ficar na história dos blogs brasileiros. É um jeito meio chato de entrar pra história da internet, mas dessa Nassif não escapa. Primeiro vamos ao texto onde o blogueiro faz o elogio fúnebre do colega:
16/03/08 09:35
Na sexta, em Porto Alegre, fico sabendo do falecimento de Hélio Gama, grande jornalista, responsável pelo caderno de investimentos da Veja na época do boom da Bolsa, início dos anos 70. Foi com ele que cumpri as primeiras pautas sobre o tema.
Depois, Hélio passou por inúmeros veículos, teve uma fase importante na Gazeta Mercantil. Era um sonhador extraordinário, um piloto de Boeing que, infelizmente, só conseguiu pilotar aviões menores - sem fôlego para bancar suas idéias.
Uma perda para o jornalismo econômico.
Agora, o comentário dos filhos de Gama:
Enviado por: Gabriel Gama
Nassif:
Eu, meu irmão, minha irmã e minha mãe garantimos:
Meu pai está vivo e muito ativo, ainda sonhando alto.
Pode ter certeza que, quando ele vier a falecer de verdade, as homenagens serão muito maiores do que dois parágrafos no teu blog.
Abraço.
16/03/2008 13:41
E, finalmente, o texto enviado por Helio Gama, que até mostrou uma certa vivacidade jornalística fazendo algo interessante com um assunto tão tétrico.
Enviado por: helio gama
nunca pensei que tivesse que fazer aquilo que outros já fizeram na história da comunicação mundial e dizer: Senhor Redator devo informá-lo que há um certo exagero na notícia da minha morte. Pelo menos é o que atestam minha mulher, meus filhos, genro, nora e até meus quatro netinhos meus amados evangelistas Thiago, João Matheus e Lucas com quem acabo de falar e garantem que me ouvem e vêem. Estou me sentindo tão vivo que estou com gana de botar mais um ou dois boeings no ar.
Quanto ao que fiz no jornalismo a história dirá da verdadeira importância ou não. Em minha defesa devo dizer apenas que participei intensamente dos dois mais importantes projetos editoriais brasileiros da segunda metade do século XX, como colaborador, a Veja e a modernização da Gazeta Mercantil; concebi quatro jornais diários e um semanário e concretizei-os. Conduzi a reforma e modernização de dois outros diários. E, graças a Deus, nunca fechei nenhum produto editorial e nenhum profissional que trabalhou comigo teve vergonha do que estava fazendo. Faça o seguinte:procure os profissionais que não gostam de mim e pergunte sobre a qualidade desses trabalhos.
helio gama
Nota: lembrei de duas coisas a propósito da notícia sobre minha morte: a) que nos antigamente a gente aprendia que notícias precisavam ser confirmadas antes de publicadas; e b) que tinha uma coisa que envergonhava qualquer repórter: ter que publicar a famosa mensagem de VEJA ERROU!
16/03/2008 14:11
Então fica a lição: antes de publicar nota de falecimento, convém fazer a confirmação com o próprio defunto.
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POR José Pires
POR José Pires
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