terça-feira, 25 de março de 2008

O dossiê que não é dossiê

O que ameniza um pouco a desgraça que é a política brasileira é que a coisa chega a ser engraçada. Seria melhor para o estado geral do nosso humor observar de outro país − visto da Europa, por exemplo, o Brasil deve ser bem mais engraçado. Porém, como não dá, vamos rir por aqui mesmo.

A polêmica em torno do dossiê denunciado pela revista Veja é que está cada vez mais hilariante. Embalado agora pela presença do ministro da Justiça, Tarso Genro, o debate toma ares de programa humorístico.

Veja noticiou que uma equipe do Palácio do Planalto teria preparado um dossiê sobre gastos efetuados nos anos de 1998, 2000 e 2001 pelo presidente FHC, sua mulher e assessores. Tarso Genro disse que o dossiê não existe. Segundo ele, o que existe é “um trabalho que está sendo feito pela Casa Civil a pedido do Tribunal de Contas [da União] e na expectativa de a própria CPI para oferecer os dados que são dados universais que podem ser requisitados pela comissão”.

Mas nem passou um dia inteiro e o ministro já ficou como mentiroso. A imprensa foi atrás do assunto (ah, essa imprensa...) e soube do TCU que não foi pedida nenhuma informação desse tipo ao Planalto. Agora, o engraçado mesmo é que da justificativa do ministro sobrou apenas o trecho em que ele diz que a Casa Civil compilou dados sobre o período tucano na presidência.

Bem, como um dossiê é exatamente isso, ou seja: uma coleção de documentos referentes a certo processo, a determinado assunto ou a certo indivíduo, então o que fizeram na Casa Civil foi... um dossiê.
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POR José Pires

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