Nos salamaleques críticos publicados nas matérias sobre a reedição das obras completas de Jorge Amado o professor de crítica iteraria da Unicamp Acir Pécora fala uma bobagem sem tamanho em entrevista à Folha de S. Paulo. Diz Pécora que “quem falou mal da obra de Amado se danou”.
Não é verdade. Podem até estar meio apagados por uma industria editorial e uma mídia cultural de pouca qualidade, mas permanecem vivos para quem tem respeito pela qualidade crítica. E hoje, com a internet, a tendência é de ampliação da repercussão deste senso crítico mais elevado. Joel Silveira denunciou a mistificação em torno de Jorge Amado até morrer. Criticou até Zélia Gattai e com toda a razão. Se deu mal? Depende do ponto de vista. Chico Buarque talvez não o leia por isso, mas, neste caso, quem perde é o compositor.
Álvaro Lins também já mostrou quem é Jorge Amado. Numa crítica à edição das obras completas de Jorge Amado em 1945 faz desmoronar qualquer respeito que se possa ter por ele. Vejam bem, a crítica é de 1945. A obra de Amado piorou bastante depois. O texto que cito é do livro Os Mortos de Sobrecasaca, de Lins, editado em 1963 pela Civilização Brasileira. É de uma qualidade impressionante. Também merecia ser reeditado. Aliás, as obras completas de Álvaro Lins mereciam. Vou disponibilizar o texto para vocês ainda esta semana. Tenham calma, pois é preciso digitar tudo copiando do livro.
Álvaro Lins flagra a obtusidade literária de Jorge Amado já naquela época. Se o Brasil não o ouviu, Pécora deve concordar, não foi apenas pela força do talento do escritor ou por falta de acuidade do crítico. A máquina de que falo acima acabou funcionando para isso. Em um trecho da crítica, Lins destaca até a ignorância do escritor, na confusão entre adjetivo e advérbio. Leiam:
É verdade. Está nos dicionários até hoje. Tomara que tenham corrigido, senão será um problema a mais (além da má-qualidade literária) para os estudantes.
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POR José Pires
Não é verdade. Podem até estar meio apagados por uma industria editorial e uma mídia cultural de pouca qualidade, mas permanecem vivos para quem tem respeito pela qualidade crítica. E hoje, com a internet, a tendência é de ampliação da repercussão deste senso crítico mais elevado. Joel Silveira denunciou a mistificação em torno de Jorge Amado até morrer. Criticou até Zélia Gattai e com toda a razão. Se deu mal? Depende do ponto de vista. Chico Buarque talvez não o leia por isso, mas, neste caso, quem perde é o compositor.
Álvaro Lins também já mostrou quem é Jorge Amado. Numa crítica à edição das obras completas de Jorge Amado em 1945 faz desmoronar qualquer respeito que se possa ter por ele. Vejam bem, a crítica é de 1945. A obra de Amado piorou bastante depois. O texto que cito é do livro Os Mortos de Sobrecasaca, de Lins, editado em 1963 pela Civilização Brasileira. É de uma qualidade impressionante. Também merecia ser reeditado. Aliás, as obras completas de Álvaro Lins mereciam. Vou disponibilizar o texto para vocês ainda esta semana. Tenham calma, pois é preciso digitar tudo copiando do livro.
Álvaro Lins flagra a obtusidade literária de Jorge Amado já naquela época. Se o Brasil não o ouviu, Pécora deve concordar, não foi apenas pela força do talento do escritor ou por falta de acuidade do crítico. A máquina de que falo acima acabou funcionando para isso. Em um trecho da crítica, Lins destaca até a ignorância do escritor, na confusão entre adjetivo e advérbio. Leiam:
“O principal problema do Sr. Jorge Amado é o da sua ignorância, o da sua falta de contato com a cultura, o da sua inexperiência literária. Veja-se a propósito este pequeno trecho de São Jorge dos lhéus:
Quando as notícias da Baixa chegaram até a casa dos Badarós, João Magalhães duvidou:
− Inacreditável!
Repetiu tantas vezes o advérbio que até Chico, o papagaio, o decorou junto ao seu variado vocabulário.Pois será possível que o Sr. Jorge Amado não disponha sequer de um dicionário, no qual encontraria indicado que “inacreditável” é um adjetivo e não um advérbio?”
É verdade. Está nos dicionários até hoje. Tomara que tenham corrigido, senão será um problema a mais (além da má-qualidade literária) para os estudantes.
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POR José Pires
Um comentário:
Caro Zé Pires, vamos devagar...
Jorge Amado era um escritor simplesmente fabuloso. Conseguiu uma façanha: ser regional e universal. Além do mais, se fez por méritos literários e não por ligações políticas, como o mencionado crítico e, posteriormente, companheiro de ABL, sr. Álvaro Lins.
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