Quem tratou muito bem do assunto foi Osvaldo Peralva, que tem um excelente livro,O Retrato, onde narra sua decepção com a ideologia comunista, ele que foi militante histórico do PCB. Peralva foi bastante difamado após se desligar do partido e muito mais quando escreveu este livro − que tenho aqui na primeira e acredito que única edição; este sim merece reedição. Li O Retrato na década de 70. Cheguei a ele cheio de preconceito, mas logo vi que era coisa fina. O cara escrevia bem, notei logo, uma qualidade essencial. Eu devia ter largado a esquerda depois da ultima página, ou até antes, pois na metade do livro já dava para perceber o engodo que era tudo aquilo, mas acabei ficando mais alguns anos “na luta”, o que foi uma perda de tempo.
Com Jorge Amado foi o contrário. Abri livros seus embalado pela retórica de esquerda que o punha nas alturas. Mas vi logo que se tratava de um bestalhão. E ainda escrevia mal. Li Os Subterrâneos da Liberdade, um livro de uma baixeza singular mesmo dentre a literatura similar, de subserviência ao Partido e calúnia contra quem observava a mínima contrariedade contra a ideologia comunista. O livro é de 1954. Stálin morreu em 1953 e logo depois, em 1956, saia o Relatório Kuschev, um documento oficial do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) de denúncia dos crimes do ditador. Chantagem, tortura, prisões, assassinatos, Stálin fez de tudo. De 1917 ao ano de sua morte a conta chega a 20 milhões de mortos. Os comunistas do “partidão” só aceitaram o relatório (oficial, repito) em 1962, mas na calada, sem fazer muita questão da discussão dos crimes. Muitos não o aceitam até hoje. O arquiteto Oscar Niemeyer defende Stálin até agora e não se pode dizer que esteja gagá. É mau-caratismo mesmo.
Vão reeditar também Os Subterrâneos da Liberdade? Para completar a obra, seria bem adequado um aprofundado adendo esclarecendo tudo isso. E o Chico Buarque? Vai se refestelar na poltrona para ler com o maior conforto o tratado de Jorge Amado de defesa e apologia do que de pior já apareceu recentemente em nossa história? Bem, bom proveito para ele.
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POR José Pires
Com Jorge Amado foi o contrário. Abri livros seus embalado pela retórica de esquerda que o punha nas alturas. Mas vi logo que se tratava de um bestalhão. E ainda escrevia mal. Li Os Subterrâneos da Liberdade, um livro de uma baixeza singular mesmo dentre a literatura similar, de subserviência ao Partido e calúnia contra quem observava a mínima contrariedade contra a ideologia comunista. O livro é de 1954. Stálin morreu em 1953 e logo depois, em 1956, saia o Relatório Kuschev, um documento oficial do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) de denúncia dos crimes do ditador. Chantagem, tortura, prisões, assassinatos, Stálin fez de tudo. De 1917 ao ano de sua morte a conta chega a 20 milhões de mortos. Os comunistas do “partidão” só aceitaram o relatório (oficial, repito) em 1962, mas na calada, sem fazer muita questão da discussão dos crimes. Muitos não o aceitam até hoje. O arquiteto Oscar Niemeyer defende Stálin até agora e não se pode dizer que esteja gagá. É mau-caratismo mesmo.
Vão reeditar também Os Subterrâneos da Liberdade? Para completar a obra, seria bem adequado um aprofundado adendo esclarecendo tudo isso. E o Chico Buarque? Vai se refestelar na poltrona para ler com o maior conforto o tratado de Jorge Amado de defesa e apologia do que de pior já apareceu recentemente em nossa história? Bem, bom proveito para ele.
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POR José Pires
4 comentários:
José Pires,
você tem razão em parte, mas é preciso entender que o Oswaldo Peralva autor do livro O retrato (mea culpa?) é o mesmo que perseguiu Carlos Drummond de Andrade, como autêntico cão de guarda dos seguidores de Luiz Carlos Prestes. Explico: a poetisa Eneida caíra em desgraça no PC por não ter aceito a aliança de Prestes com Getúlio Vargas e Carlos Drummond, responsável pela página literária da Tribuna Popular, jornal do PC, citou a publicação no Brasil do livro Textos marxistas de literatura e arte. E Drummond ousou concluir o texto com a frase " Eneida traduziu". Simplesmente assim, sem qualquer adjetivo. E os patrulheiros da redação cortaram. Drummond estranhou, pois a tradução era um fato e não uma opinião. Depois dessa - e de outras - o poeta pediu o boné e se afastou do PC, ele que nem chegara a se filiar, apesar dos muitos apelos. A partir daí, Peralva se tornou crítico ferrenho de Drummond, que sofreu calado os ataques durante décadas. E Peralva também acusou o poeta de ter se vendido aos americanos pois, segundo ele, o Correio da Manhã recebia dinheiro da embaixada dos gringos. Mas quem acabou diretor do Correio da Manhã não foi Drummond e sim Oswaldo Peralva. Só muito depois, também desiludido com a estupidez dos que se intitulavam donos da verdade, ele publicou o tal livro.
Jorge Amado? Ah, sim...
Ninguém contesta a inventividade e a fluência criativa do bom baiano, mas ele teria sido tão publicado e traduzido se não fosse o apoio dos partidos comunistas de todas as praças?
É um fato? Ou vão me dizer que trata-se de um boato?
Então escreva mais e melhor que o Jorge Amado. É fácil falar mal, difícil é fazer mais e melhor.
Seu policialzinho fascista de merda.
O anonimato é a trincheira dos covardes. É o que dizem por aí. O que você acha disso, senhor Anônimo?
Jorge Amado pode ser bom, mas dizem que frango com quiabo também é bom... e eu não gosto.
Li umas 40 pgs do "Vida de Luis Carlos Prestes", dele. Não "tive saco" para continuar. Também Li Leôncio Basbaum (tanto a biografia quanto a História Sincera), li Gorender, li João Falcão, Joffily, Gabeira, Zuenir, Agildo, Daniel Araão, Alfredo Syrkis, Mir, Judith Patarra, Glênio Sá, Fernando Portela... e por aí vai. Um monte à esquerda e alguns à direita. E estou lendo Graciliano (Memórias do Cárcere). Graça tb é pesado. Menos, porém, que Amado. E, por fim, juntamente com Graça, "O Retrato", do Peralva, que é bastante digerível.
É claro, cada qual coloca nos seus escritos o seu "tempero pessoal", sua visão de mundo, seus preconceitos, suas mágoas e suas angústias. Nós, leitores, devemos passar a farinha na peneira fina.
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