quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A Telemar pode fazer um 21

Uma nota postada na página eletrônica de Lauro Jardim no site da Veja é assunto que vai movimentar bastante a política nos próximos dias. Com certeza vai virar reportagem destacada na edição que sai neste fim de semana, podendo até ir para a capa da revista.

Segundo o jornalista, o grupo Telemar/Oi já acertou a compra da Brasil Telecom. A compra não é permitida pela legislação em vigor, com o objetivo de impedir a concentração do setor da mão de poucas operadoras, o que justamente deve ocorrer com a conclusão do negócio.

Feito o acerto para a compra, agora é preciso que seja alterada a lei que regulamenta as telecomunicações, herança tucana que o colunista de Veja garante que já está pronta para ser eliminada. Ele diz que a mudança vai acontecer ainda este mês e que o negócio entre as duas operadoras teve o consentimento prévio do Palácio do Planalto.

Acontece que a Telemar, empresa que pode fazer a compra milionária e com isso formar uma superoperadora, é aquela que injetou R$ 15 milhões na Gamecorp, a empresa de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula.

Com a lembrança da história de Lulinha – o gênio eletrônico da família – a mudança do decreto pelo governo para permitir a compra, o que já é uma coisa muito suspeita, fica com a aparência ainda mais estranha. Parece que já foi acionada aquela receitinha, infelizmente comum no Brasil, de colocar o privado acima do interesse público.

A história da Gamecorp, a fantástica empresa de Lulinha, é um escândalo. Só não deu em nada porque estamos no Brasil, uma terra com muitas oportunidades para quem detém o poder e com pouco espaço para a Justiça. E, além disso, temos também uma oposição genuinamente brasileira, de gente que no substancial acaba se acertando.

Antes do pai virar presidente, Lulinha trabalhava como monitor no zoológico de São Paulo, onde ganhava 600 reais por mês. Com Lula lá, sua vida deu um salto. Entrou como sócio na Gamecorp, que apenas em um ano recebeu um aporte de 5,2 milhões da Telemar. Hoje o capital investido pela Telemar na empresa de Lulinha está em 15 milhões de reais.

A Veja já havia detectado em outubro de 2006 um lobby para mexer na legislação em vigor para favorecer a Telemar. E apontou Lulinha como uma das peças-chave no negócio. “O filho do presidente foi acionado para defender interesses maiores da Telemar junto ao governo que o pai chefia. Em especial, em setores em que se estudava uma mudança na legislação de telecomunicações que beneficiava a Telemar”, publicou a revista em reportagem na qual conta toda a história dos negócios da lucrativa empresa do filho do presidente Lula.

A revista revelou que, em reunião com Daniel Goldberg, titular da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça (SDE), Lulinha e seu sócio, Kalil Bittar, “sondaram o secretário sobre a posição que a SDE tomaria caso a Telemar comprasse a concorrente Brasil Telecom”, a fusão que agora está sendo anunciada e que ainda não é permitida por lei.

Segundo Veja, o escândalo em torno dos negócios suspeitos de Lulinha abortou a tentativa de mudar a legislação na época. A revista denunciava, então, que a associação com Lulinha envolvia “a queda de barreiras legais que impedem a atuação nacional de empresas de telefonia fixa”. O governo lula também estaria orientando fundos de pensão para vender fatias de sua participação acionária no setor das telecomunicações.
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POR José Pires

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