terça-feira, 8 de setembro de 2009

Noblat e a opinião da mulher dos outros

As encrencas que a internet pode criar. Junte-se uma certa irresponsabilidade do blogueiro e a vida de uma pessoa pode ser bastante prejudicada com apenas um pequeno texto.

Como faz todo mundo hoje em dia, Gisele Sayeg Nunes Ferreira tem sua página no Facebook. Deve possuir uma também no Orkut, talvez até no Flickr, hoje em dia as pessoas tem páginas de uso próprio em vários endereços.

Pois ela teve um problema em um vôo da Gol hoje, talvez em função do mau tempo que está fazendo em várias regiões do país ou até por deficiências da empresa aérea. Acontece que ela escreveu um desabafo em sua página do Facebook, onde disse que a Gol tem “tem todo jeito de uma arapuca” e que, desse jeito é difícil o país pensar em ter Copa ou Olímpiada, pois “basta o mau tempo fechar alguns aeroportos no sudeste para que o Galeão naufrague no caos”.

Não peguei estas opiniões na página da Gisele. Elas foram publicadas agora há pouco no Blog do Noblat, de responsabilidade do jornalista Ricardo Noblat, que transcreveu dois textos inteiros da Gisele e a identificou como "mulher de Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil do governo de São Paulo". Bem, digo com o maior respeito pela Gisele, que não conheço nem de dar uma passadinha em sua página do Facebook, que é óbvio que o cargo político de seu marido é única razão do Noblat ter destacado um pequeno recado no Facebook de uma pessoa que, ao que eu saiba, não está em nenhum cargo público.

E é claro que, dependendo do uso que alguém pode fazer desta informação, este tipo de opinião pode até ser prejudicial para seu marido, Aloysio Nunes Ferreira, que também é identificado por Noblat como “aspirante à vaga de José Serra”. Também é óbvio que pode atingir Serra.

As ligações, vejam bem, quem faz é o Noblat. É a opinião da mulher de um dos homens mais próximos do governador Serra. De outro modo obviamente isso não seria assunto de divulgação ampla, como ele está pretendendo. O Facebook de Gisele não interessaria como informação para um público amplo a não ser no contexto da opinião da “mulher do Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil do governo de São Paulo e aspirante à vaga de José Serra”, como escreve o Noblat.

Ele está inventando assunto e, com isso pode complicar a vida pessoal de alguém. É correto ficar sapeando páginas pessoais na internet e pinçar opiniões dando a elas um peso totalmente fora do contexto em que foram emitidas? É uma pergunta retórica, é claro, pois eu penso que não.

Fico imaginando se a moda pega. Com tanta informação inútil tomando o nosso tempo, não precisamos de mais esse jeito de fabricar notícia, uma técnica bem parecida com aquela outra muito citada, a de encher lingüiça.

Talvez eu seja muito antiquado nessas coisas, mas não acho ético esse procedimento. Mas também pode ser um preciocismo da minha parte e o Noblat só estivesse querendo estragar o jantar do casal Nunes Ferreira. Talvez ele tenha conseguido.
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POR José Pires

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