quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Qual é a graça


O presidente Lula gosta de reclamar da imprensa. Pois ele devia saber o que seu colega de negócios com aviões, o presidente Nicolas Sarkozy, tem que aguentar na França.

A história francesa não tem sido escrita com meias palavras. Os papéis são muito bem definidos e isso vem de longe. Não esqueçamos que na Revolução Francesa por pouca coisa as cabeças rolavam de ambos os lados.

Neste rigor a imprensa tem um papel destacado, com os humoristas, seja no texto ou no desenho, pegando pesado com o poder dominante, seja de que partido for. Da década de 60 para cá a França teve publicações humorísticas tão agressivas que, na comparação, tornam quase infantil uma publicação como o nosso O Pasquim, publicado na década de 70.

Naqueles anos, desenhistas franceses como Reiser, Wolinski, Siné ou Cabu faziam o diabo com autoridades francesas, enquanto nós, aqui no Brasil, tínhamos que ficar apenas na inveja, pois além da censura sempre havia o risco de ir para a cadeia. Mas a triste verdade é que havia muito mais combatividade em nossos humoristas durante a Ditadura Militar, quando satirizar era um perigo, do que hoje, quando o risco é praticamente nulo.

Comparar o que os franceses fazem na atualidade até piora a situação dos nossos humoristas. A maioria dos brasileiros faz um humor bem comportado. Nos chargistas até o traço parece infantil. E muitos temas de corrupção, miséria e até de violência física são objeto de piadinhas tolas, sem nenhum sentido crítico. A maioria das piadas deve estimular um riso satisfeito até nos próprios políticos retratados.

Nem criaturas absurdamente grotescas como José Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor, José Dirceu e tantos outros, como o próprio Lula, recebem o que merecem em nossas charges. Aqui temos até uma situação impensável para um francês, que são os cartunistas agregados em sindicatos e ONGs que fazem um humorismo chapa-branca, a condição mais vergonhosa em que um humorista pode estar.

Os gaúchos são pródigos nisso. Lá, se formou uma sincronizada infantaria  do traço para o ataque à governadora tucana Yeda Crusius. Ela bem merece ser atacada, é claro, mas o problema é que, abrigados em sindicatos cutistas e organizações grudadas no poder federal ou em políticos do estado, estes cartunistas calam quando um petista alcança o poder local. No governo do petista Olívio Dutra e enquanto o PT manteve o poder na prefeitura da capital a maioria deles fazia humor à favor.

O humor que fazem é também evidentemente instrumentalizado, um trabalho de ataque baseado em interesses partidários ou de grupos. Em humor, isso sempre é difícil de esconder, dificuldade que se torna ainda maior quando o chargista precisa deixar claro para os idiotas que o mantém de que está fazendo direito o serviço.

É claro que este humor chapa-branca também existe em outros estados brasileiros, afinal o PT, a CUT e ONGs governistas estão em todo o canto. Basta ter uma estrutura sindical ou de ONGs que amaciem jornalistas e chargistas quanto às trapaças e trapalhadas lulo-petistas e direcionem apenas contra a oposição seu furor. Vocês verão o que esta gente irá fazer caso a oposição conquiste a presidência da República. Então haverá um renascimento do humor "combativo" no país. Bem, eu já vi chargista em salão de humor desfilar com broche do Lula.

Qual é a graça de fazer humor à favor? Tirando a melhoria do humor financeiro do humorista, graça nenhuma. Para mim é mais uma questão moral, de ética profissional. Assim como é inaceitável que um motorista profissional beba antes de pegar a direção também não dá para aceitar um humorista governista.

Mas voltemos à França, onde essa sem-vergonhice não prospera. Eu dizia que Lula deveria buscar conhecer o que seu parceiro de negócios, Sarkozy, suporta de seus patrícios.

Aqui temos uma mostra. Nesta imagem o chargista Cabu ensina a fazer a caricatura do presidente francês Nicolas Sarkozy. Cabu é um dos mestres do vigoroso humor francês. Foi um dos fundadores da revista Hara-Kiri e de Charlie Hebdo, duas publicações históricas da imprensa francesa, ambas de humor. Charlie Hebdo existe até hoje.

O desenho de Sarkozy é da série “La méthode à Cabu pour apprendre à dessiner”, de Cabu, que nem precisa traduzir. Ele ensina a desenhar coisas como esta aqui. Será que o lulo-petismo teria capacidade democrática para aguentar algo assim?

Duvido. Ainda mais que este método para caricaturar Sarkozy funciona muito bem, como dá para ver. E com Lula funcionaria até melhor. Afinal, não esqueçamos que o nosso presidente usa barba.

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POR José Pires

Um comentário:

Nikacio Lemos Bitencult disse...

RECADINHO PARA UNE :

Sou universitário, e Jovem como a maioria de vocês integrantes da UNE.

Até ai muito temos em comum, mas nada em comum temos na conotação política e social.

Sempre fui Fã incondicional da UNE, e por muitas vezes a citava como grande exemplo de união e imparcialidade na busca do melhor de seus ideais e dos ideais para o Brasil.

Infelizmente, hoje estamos vendo uma UNE comprometida com o governo Lula, onde o Governo Lula de forma sábia financia (Compra) a UNE para fazer com que esta instituição estudantil não se manifeste contra este governo Corrupto.

Lamentável!!!!

Que hoje estejamos vendo uma instituição que muito nos orgulhou sendo amordaçada por este governo.

Fiquei também muito surpreso por saber que foi fácil e barato imobilizar qualquer movimento da UNE contra o Governo Lula.

Hoje não usamos + a UNE como exemplo algum, porque esta instituição estar falida moralmente e sua voz não tem + força, presença e contundência para falar sobre moralidade na Política nacional.

UNE é hoje uma instituição comprometida e parcial em suas opiniões a favor deste governo corrupto porque suas palavras têm limites e amordaça.

Nós estamos em buscar de uma nova UNE, ou Melhor, não terá o nome UNE claro que não porque UNE só existe uma , até porque UNE não é +exemplo de imparcialidade , seriedade e lula pela verdade , teremos uma união de jovens e estudantes que já + irá se comprometer com governo algum ,político algum .

Nossa União fará o que a UNE fazia há seis anos, aquela UNE era nosso orgulho porque criticava qualquer governo sem medo de ser feliz.

Seremos assim, iremos criticar quando for para criticar, iremos elogiar quando for para elogiar, e iremos para ruas com as caras pintadas quando for para ir às ruas.

Mas tudo será sem compromisso algum com governo nenhum , não seremos vendáveis .

Caros amigos da UNE, tenho que admitir, o Governo Lula foi inteligente porque soube de forma barata AMORDAÇAR vocês com muita facilidade.

Quero ressaltar que não sou partidário a ninguém e muito menos a político algum.

Não como, não bebo, e não durmo as custas de político e muito menos de governo nenhum.

Tenho orgulho de dizer que não devo favores a político, partido e governo nenhum!!!

Minha única obrigação é ser um cidadão cumpridor de meus deveres com a lei e a sociedade , trabalhar para um país melhor e para o meu e bem estar de minha família.

Este é o meu compromisso e desejar um Brasil mais justo para todos .

Cordialmente,

Nikacio Lemos – 23 anos, universitário