quarta-feira, 30 de abril de 2014

Companheiros de luta

Nesta terça-feira, no Paraná, servidores administrativos e professores da rede estadual de educação encerraram greve que durou exatamente uma semana. Os professores do estado são representado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná, a conhecida APP, que costuma fazer bastante barulho em suas ações.

Nada tenho contra um sindicato de classe ser combativo. É este seu papel. E quem é que pode ser contra a valorização da educação? Isso é uma unanimidade nacional, apesar de ninguém no poder agir para que isso ocorra de fato. O professor precisa ter melhores salários e estruturas de qualidade para trabalhar. E, sem dúvida, isso não será conquistado sem a existência de um sindicalismo autêntico e combativo.

Mas acontece que boa parte do barulho que a APP costuma fazer não é exatamente com o objetivo da defesa do interesse do professor. Este sindicato tem ligações já bastante conhecidas com o PT, tanto que foi dele que saiu um deputado estadual petista, o Professor Lemos, que até hoje é uma das lideranças do grupo que há muitos anos está no comando da entidade.

O ativismo da APP costuma ser de um excessivo partidarismo que influi inclusive nas datas escolhidas para manifestações. Quando tem eleição chegando o paranaense sabe que é hora da APP dar as caras. Os alvos de crítica e muita vezes de ataques políticos pesados também são escolhidos a dedo. O interesse político restrito seleciona entre seus alvos políticos parlamentares que incomodam o poder federal do PT com uma oposição consequente ao governo federal. Se é oposição destacada à Dilma — ou, antes, ao Lula — o parlamentar leva pau da APP no Paraná.

E é claro que a APP também escolhe seus amigos no estado. Na imagem temos as duas lideranças mais importantes do sindicato, a presidente Marlei Fernandes de Carvalho e o deputado Lemos, junto com o deputado André Vargas. A foto foi feita numa manifestação em Curitiba, em agosto de 2011. É perceptível na imagem a intimidade entre os três. E não só os dois sindicalistas foram com alegria pro abraço com Vargas. Toda a liderança da manifestação da APP aparece em fotos animadíssimas com ele. Existem aquelas fotografias de praxe que são obrigatórias na relação oficial com alguma autoridade. Não é o caso dessas. O clima é de confraternização de velhos chapas.

A intensa ligação se sustenta no projeto de poder do PT no Paraná, que até agora tinha Vargas como chefe político da maior importância. Antes de cair em desgraça com a descoberta de suas relações com o doleiro, o deputado era o chefe da campanha de Gleisi Hoffmann ao governo estadual. Era também quem mandava na liberação de verbas do governo federal. Porém, agora com Vargas não dá mais para a APP sair abraçada. Mas a eleição que está próxima exige que o PT indique logo um novo parceiro. Afinal, a luta continua, companheiros.
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Por José Pires

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Imagem- O deputado André Vargas confraternizando com a presidente da APP, Marlei Fernandes de Carvalho, e o deputado estadual petista Professor Lemos.

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