terça-feira, 5 de maio de 2009

Dantas, Greenhalgh e o Pará

O banqueiro Daniel Dantas é uma figura definitivamente fixada à história do PT no poder. É interessante o modo como sua atuação divide a própria base de Lula, quando ao mesmo tempo é favorecido pela atuação do presidente Lula em favor de um negócio como a compra da Brasil Telecom pela Oi. O fechamento do negócio rendeu 1 bilhão de dólares ao dono do Opportunity.

Dantas tem ou já teve em sua folha de pagamentos figurões ligados ao poder petista e mesmo bem próximos até de Lula, como o compadre Roberto Teixeira, ou o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. Este último, aliás, comprovadamente usou até os préstimos do secretário pessoal do presidente, Gilberto Carvalho, para atender interesses de Dantas.

O banqueiro é benquisto por uma parte do círculo de poder em volta de Lula mas, por outro lado, cria sérias divergências na base, inclusive na blogsfera chapa-branca que dá suporte ao governismo na internet.
Porém, o lado que gosta do banqueiro parece ser o mais forte na partilha de poder federal. São mais influentes no rumo político do partido e também nas interrelações entre a política e os negócios. Como os que torcem o bico com a presença de Dantas não tem o peso suficiente para conter de vez seu bom trânsito, só lhes restam as denúncias e ataques às suas investidas. Mesmo que para isso tenham que atingir companheiros históricos.

O jornalista Mino Carta é um dos apoiadores de Lula que não aceita de modo algum as boas relações do banqueiro com setores influentes do PT. Por isso está sempre editando alguma coisa para quebrar, ou pelo menos fustigar, este vínculo que o incomoda.

Nesta semana sua revista, Carta Capital, traz uma entrevista com a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, falando sobre as ações de seu companheiro Luiz Eduardo Greenhalgh, que foi até o estado governado pela petista para usar da influência de sua história partidária no favorecimento das atividades de Daniel Dantas como fazendeiro.

“Em janeiro de 2008, a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, foi surpreendida por um telefonema de um antigo companheiro do PT, o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh.
De São Paulo, Greenhalgh manteve uma conversa evasiva e pediu uma audiência com a governadora. De pronto, Ana Júlia convidou o correligionário para um almoço na residência oficial, em Belém. O que deveria ter sido uma conversa entre velhos amigos tornou-se um encontro constrangedor. Greenhalgh levou a tiracolo o empresário Carlos Rodenburg, então vice-presidente do Banco Opportunity e ex-cunhado do banqueiro Daniel Dantas. Enquanto saboreava um peixe da região, a governadora haveria de descobrir um segredo que só seria revelado ao País dali a seis meses, após a Operação Satiagraha: Greenhalgh, antigo defensor de trabalhadores rurais e presos políticos da ditadura militar, havia se tornado advogado e lobista de Dantas. O petista intercedeu a favor do banqueiro e de suas atividades pecuárias no Pará.”


Desse modo, a dobradinha Ana Júlia/Mino Carta traz mais munição na guerra interna governista que tem no meio Daniel Dantas. Da amazônia ao Rio Grande do Sul, o banqueiro é a figura que, para além de simbolismos, encarna hoje um dilema do PT.

E o pior para os petistas é que qualquer que seja o resultado dessa luta, sendo inocentado ou condenado, não há como se livrar da imagem do banqueiro. Já se colou ao PT e não sai nem com lero-lero de filósofos de idéias ajustadas ao partido.

Para conhecer mais dessa história reveladora dos bastidores do PT pelo país afora, clique aqui.
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POR José Pires

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