domingo, 31 de outubro de 2010

Preparando-se para o pior

Corre na internet uma piada sobre o Tiririca que muitos contam como se fosse uma declaração verdadeira do deputado de mais de um milhão de votos conquistados com palhaçada. Como Tiririca tem que provar que é alfabetizado, ele concordaria em se submeter a uma prova escrita... desde que seja corrigida por Lula.

A piada é boa e apóia-se na compreensão do despreparo de Lula. É apenas uma das piadas em cima deste grave defeito para o qual o Brasil parece nem querer acordar. Porém, o sucesso dessas tantas piadas sobre a obtusidade pessoal de Lula fazem tanto sucesso que é evidente que muito mais de 3% dos brasileiros têm os olhos bem abertos para o desastre que foi o período Lula que, infelizmente, pode não acabar no dia de hoje.

Em janeiro o Supremo Apedeuta sai do poder e deve-se começar então a desconstrução de sua imagem. Será um processo natural que virá com os resultados do que ele fez até agora. E neste último ano sua equipe teve que fazer malabarismos fiscais para que não aparecesse ao menos a parte disso que afeta diretamente a economia.

O restante deste desastre que é seu legado já está à vista, mas a maioria se esforça para não ver e nem escutar, já que parte da herança lulista é feita de tiros e gritos de horror das vítimas da violência cotidiana em nossas cidades.

Sem a caneta numa mão e a chave do cofre em outra e também sem o suporte diário de uma máquina de propaganda trabalhando a imagem de um presidente — aí sim vale o chavão — "como nunca se viu neste país", é muito difícil que sua imagem não vá se esboroando.

Lula vai deixar um legado terrível que deve criar muitas dificuldades para o presidente que será eleito hoje, seja Dilma ou Serra. Se eu achasse que o país tem bastante tempo pela frente (o que não acontece, até pelos graves problemas mundiais relacionais aos recursos naturais do planeta) até veria com bons olhos a eleição de Dilma, pois o próprio percurso de seu governo livraria de vez o Brasil dos danos do PT, diminuindo a influência nefasta desse partido sobre o país.

Mas acontece que a solução dos problemas brasileiros não depende apenas de esforço interno e enfrentamento dos riscos que se desenham para nós não estão limitados ao que pode ser feito entre nossas fronteiras.

É difícil do brasileiro colocar isso na cabeça, assim como é também difícil que isso entre na mentalidade tecnocrática de alguém como Dilma, mas pela primeira vez na história mundial a humanidade chega numa situação em que qualquer arrumação econômica e social tem que ter em vista o ponto crucial em que estão os recursos naturais do planeta, muitos deles a menos de vinte anos do esgotamento total e outros praticamente no final, inclusive recursos essencias para tecnologias modernas como deste computador onde teclo este texto ou do celular que tem sido vendido aos brasileiros como uma grande conquista social e econômica (não contam também que todo dinheiro dessa "conquista" vai pro estrangeiro).

Quatro anos de Dilma vão atrasar bastante a preparação do Brasil para enfrentar este difícil processo mundial, que não é para daqui uma centena de anos. É algo que até quem já passou dos trinta anos ainda terá tempo de ver, penso eu que com muito pesar. E para formar estruturas para enfrentar a barra pesada que vem aí não basta dar Bolsa Família para pobre e ficar acreditando na redenção social e econômica do país com os recursos do pré-sal — e o triste é que parece que isso não é só discurso eleitoral; eles parecem mesmo crer nisso.

Mas isso é conversa que não ganha eleição. Tanto que ninguém tocou neste assunto e o deputado que ganhou mais votos tinha um slogan equivocado que dizia que "pior do que está não fica". O Brasil pode ficar pior do que está, sim. E poderemos ver isso hoje.
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POR José Pires

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