sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

História mal contada desde o começo

Não sei onde Zuenir Ventura estava no início desta história, mas não teve nenhuma ”declaração desesperada” da vítima. Paula falou bem pouco nesta história. Noblat escreveu que ela lhe disse apenas que “estava mal”. Quem passou toda a história para Noblat foi o pai de Paula, Paulo Oliveira, que é assessor do deputado Roberto Magalhães, portanto alguém supostamente bastante experiente no trato com a imprensa.

Na primeira nota publicada sobre o caso, “em primeira mão”, como destacava uma chamadinha cima do texto, Noblat cometeu a incorreção de ser extremamente afirmativo, sem deixar claro para o leitor que sua fonte era o pai da suposta vítima.

O texto de Noblat, já disse aqui, também é afirmativo demais. Pelo título do post já dá para se perceber o tom do texto : "Brasileira torturada na Suiça aborta gêmeos". Sim, foi assim que ele chamou a matéria feita com uma única fonte: o pai da suposta vítima.

Ele faz uma descrição detalhada da suposta agressão, sem colocar nenhuma dúvida sobre o fato. Só assume um tom crítico quando cita o policial suíço que teria alertado Paula com a seguinte frase: “Se a senhora estiver mentindo será processada”. Noblat não informa como soube desse diálogo. Ele escreve como se estivesse presente no acontecimento.

Hoje já se vê que era apenas um policial experiente fazendo bem seu serviço e que, suspeitando de algo, alertou a moça. Foi tratado como um prepotente. Eu até acharia engraçado, caso não estivesse dentro da piada, ver tanta indignação em um país como o nosso, onde a polícia chega ao local do crime já batendo na vítima.

Pois se a moça tivesse escutado o alerta do policial suiço, talvez nem tivessemos tomado conhecimento dessa história. Nada do assunto vazou da polícia suiça antes que a imprensa brasileira se metesse no assunto. Parece que lá, ao contrário daqui, a primeira coisa que a polícia faz não é chamar a imprensa e expor a vítima.
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POR José Pires

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