Lobão é do grupo de José Sarney, uma cambada de gente esperta. Mas esperteza não basta para encarar assunto sério. Na política a ladinice é ferramenta suficiente para fazer carreira, subir na vida. Está aí a história do Lula para comprovar. Mas existe uma porção de assuntos em que é preciso muito mais do que manha.
Sarney, chefe do grupo de Lobão, comprova isso duplamente: no sucesso que fez em uma carreira de menor valor intelectual como a política e em outra, a literatura, onde se meteu e se deu mal.
Mas Sarney têm romances até traduzidos no exterior, dirão alguns. Bem, aí entra a esperteza, o uso da relações especiais que abocanhou com a política na alavancada de sua, digamos assim, carreira literária.
Sarney é autor de Brejo dos Guajas, texto que ele chama de romance e que foi demolido por Millôr Fernandes numa crítica engraçadíssima e memorável. Entre tantos graves defeitos técnicos na tosca relação de Sarney com a literatura, Millôr provou de modo inatacável (simplesmente somando!) que o aspirante a literato colocou no romance um lugar com duas ruas de 120 casas e que abrigam uma população de 15.272 pessoas. Desse modo, ele prova que aquilo que o autor pretendia como um lugarejo teria de ser, na verdade, a segunda maior cidade do Maranhão, perdendo apenas para a capital, São Luís.
Millôr analisou Brejal dos Guajas na coluna que fazia no Jornal do Brasil em 1988. Desse modo, um livro que não teria significado algum para a literatura brasileira vai acabar ficando na história. Mesmo sendo uma obra menor acabou gerando um clássico da nossa crítica literária.
“Descoordenado motor (incapaz de se agachar e tirar a etiqueta de um sapato), Sir Ney é mais descoordenado como pensador”, diz Millôr em uma das colunas em que traçou o livro daquele que ele chama também de “o Joyce do dadaísmo”. Foram 12 colunas dissecando a, na falta de outra palavra, obra de Sarney, e provando que a esperteza que garante até a cadeira de presidente da República não basta para transitar em áreas mais sérias como, por exemplo, a literatura.
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POR José Pires
Sarney, chefe do grupo de Lobão, comprova isso duplamente: no sucesso que fez em uma carreira de menor valor intelectual como a política e em outra, a literatura, onde se meteu e se deu mal.
Mas Sarney têm romances até traduzidos no exterior, dirão alguns. Bem, aí entra a esperteza, o uso da relações especiais que abocanhou com a política na alavancada de sua, digamos assim, carreira literária.
Sarney é autor de Brejo dos Guajas, texto que ele chama de romance e que foi demolido por Millôr Fernandes numa crítica engraçadíssima e memorável. Entre tantos graves defeitos técnicos na tosca relação de Sarney com a literatura, Millôr provou de modo inatacável (simplesmente somando!) que o aspirante a literato colocou no romance um lugar com duas ruas de 120 casas e que abrigam uma população de 15.272 pessoas. Desse modo, ele prova que aquilo que o autor pretendia como um lugarejo teria de ser, na verdade, a segunda maior cidade do Maranhão, perdendo apenas para a capital, São Luís.
Millôr analisou Brejal dos Guajas na coluna que fazia no Jornal do Brasil em 1988. Desse modo, um livro que não teria significado algum para a literatura brasileira vai acabar ficando na história. Mesmo sendo uma obra menor acabou gerando um clássico da nossa crítica literária.
“Descoordenado motor (incapaz de se agachar e tirar a etiqueta de um sapato), Sir Ney é mais descoordenado como pensador”, diz Millôr em uma das colunas em que traçou o livro daquele que ele chama também de “o Joyce do dadaísmo”. Foram 12 colunas dissecando a, na falta de outra palavra, obra de Sarney, e provando que a esperteza que garante até a cadeira de presidente da República não basta para transitar em áreas mais sérias como, por exemplo, a literatura.
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POR José Pires
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