domingo, 31 de outubro de 2010

Bem além dos 3% de insatisfeitos

Ué, não eram apenas 3% dos brasileiros que não queriam nada com o Supremo Apedeuta? Não é isso que dizem os números desta eleição.Até o momento em que escrevo, com 99,96% dos votos apurados, é 43,95% para Serra e 56,05% para Dilma. Isso contando apenas os votos válidos.

A bem da verdade, são os votos de Lula, que se colocou de tal forma na eleição que Dilma muitas vezes nem parecia a protagonista de sua própria campanha.

Lula também usou a máquina pública da forma que quis, para montar o cenário perfeito para sua candidata. Foram meses em que a agenda do governo brasileiro foi submetida ao interesse da candidatura Dilma, primeiro na apresentação da desconhecida ao país e depois na combinação de eventos entre os assuntos de Estado e o interesse eleitoral da campanha petista.

A máquina pública foi utilizada inclusive na montagem de cenas de Dilma com personalidades estrangeiras de prestígio, entre elas o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para uso posterior em campanha, como de fato foi feito nos programas de televisão no primeiro turno e também no segundo.

Depois, Lula também montou da forma que quis o cenário eleitoral, sempre usando a caneta presidencial e sabe-se lá o que mais. Forçou alianças, impediu candidaturas estaduais e até passou uma rasteira no companheiro Ciro Gomes, que teve sua candidatura presidencial derrubada à canetadas.

Nunca se viu no Brasil tal abuso de poder, mas mesmo assim Lula não fugiu à sina de ter de disputar um segundo turno. A façanha de ganhar eleição pra presidente no primeiro turno ainda é privilégio de Fernando Henrique Cardoso. E o que deixa Lula ainda mais fulo é que o feito ocorreu com derrotas dele e ainda por cima por duas vezes.

Lula brigou de forma encarniçada, abusou do poder, se colocou de forma personalista numa eleição que parecia a dele. Por isso é impossível não ver nessa votação de Serra uma manifestação contrária a seu governo neste clima de plebiscito criado no país. E temos também os votos nulos e brancos, que somam mais de 7 milhões, além da abstenção, que ficou num percentual impressionante da votação total: 21,50%.

Se juntarmos todos os votos, bem mais de 50% dos brasileiros não estão satisfeitos com a forma que o Brasil vem sendo conduzido.

É bem além da ínfima porcentagem de insatisfeitos com seu governo que saem de pesquisas de institutos que trabalham inclusive para o PT. Os números são outros, muito acima do que tentam forjar como índice de popularidade e aprovação para um governante que faz um péssimo uso da faixa que leva no peito, ou melhor, na barriga, como ele diz. Esta eleição mostra que os brasileiros que não se dobraram são muito mais que os tais 3%.
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POR José Pires

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