sábado, 2 de outubro de 2010

Esperando o pior

Não costumo publicar notícias de outros sites, pois penso que dessa forma não estaria fazendo um blog. Aí estaria produzindo um clipping diário, o que encontramos bastante na internet brasileira, muitas vezes como se fossem blogs, o que não são de fato.

Seria fácil para mim passar o dia republicando notícias e isso com certeza me daria muito mais leitores. Um alto número de acessos dá prestígio e dinheiro. Mas seria honesto profissionalmente fazer isso? Na minha visão isso é piratear o trabalho alheio. E assim isso aqui também não poderia ser chamado de blog.

Como disse na década de 40 0u 50 um office-boy, encantado com a rapidez de Joel Siveira escrevendo um texto na redação de um desse jornais brasileiros que já fecharam há décadas, tem que ter "texto próprio".

Como não tenho rabo preso com ninguém posso até dizer que o Ricardo Noblat, por exemplo, faz um clipping diário e não um blog. Ele publica um comentário de vez em quando, um plá para dar uma cara pessoal, mas não basta. O Luís Nassif também faz isso e até mais malandramente, pois formata seu clipping diário para que tenha uma cara de blog.

O problema é esses clippings diários adquirirem o status de blogs. Cada um faz o que quer, dentro do limite dos direitos alheios, mas penso que esse tipo de coisa deforma no Brasil o conceito de blog.

Hoje faço uma exceção e publico três textos retirados de outros sites, porque expressam com muita qualidade problemas centrais desses terríveis oito anos que vivemos com Lula e apontam para os perigos dos próximos quatro e até mais além. São boas análises dos riscos que corremos no futuro, seja quem for o próximo presidente da República, mas que podem se configurar em um desastre com a eleição da petista Dilma Rousseff, auto-proclamada herdeira legítima da continuidade dos erros de Lula.

São três textos altamente elucidativos da manipulação do governo Lula sobre as contas públicas do Governo Federal, evidentemente com a intenção, de início, de emplacar a candidatura da petista Dilma Roussef e posteriormente elegê-la presidente da República, o que infelizmente pode acontecer amanhã ou num provável segundo turno.

Um porco tem que ter focinho de porco, orelha de porco e rabo de porco, aquele rabinho retorcido que nenhum outro animal tem, mas com habilidade e uma oposição fracassada pode-se forjar muito bem uma fraude política com cara de eleição legítima.

Ainda não é o fim do mundo, como dizem os evangélicos que se grudam em Serra ou Marina Silva, mas não tenho dúvida de que Dilma tem a capacidade para fazer o Brasil chegar lá com muita rapidez.

Por mais que batamos na madeira (toc, toc, toc, de novo!) os indicativos são de que o plano de Lula deu certo. Mas a conta vai ficar bem alta para os brasileiros, conforme a opinião dos articulistas abaixo e da matéria que, para mim, fecha muito bem o raciocínio dos dois. Vou lincar os três textos para o caso deste post surgir isolado em alguma busca na internet, mas eles estão publicados logo abaixo:

Yoshiaki Nakano, no artigo “Pré-sal e gastança pública”.
Míriam Leitão, no artigo “Dinheiro inventado”.
E na Veja, a matéria "Vejam que maravilha é o Fundo Soberano de um país que pensa no futuro: a Noruega."


Num determinado ponto de seu excelente texto publicado no jornal Valor Econômico, Nakano alerta inclusive sobre os aspectos técnicos perigosos da recente capitalização da Petrobrás, que pode forçar uma grande entrada de capitais externos e que para mim foi feita na linha do uso eleitoral do notório "pré-sal". É uma forma bem esperta para atrair a atenção do eleitorado para uma novidade lulo-petista supostamente muito boa para o país. Porém, o problema virá depois, pois esta capitalização é feita com ingredientes técnicos com riscos claros previstos por estudos econômicos e já enfrentados em outros países.

É uma série de decisões enganosas, que envolvem a Petrobrás, o BNDES e até o Banco Central. Diz Nakano o seguinte: “Essa enxurrada de entrada de capitais e a política de juros do Banco Central estão alimentando a expectativa de novas apreciações do real, que poderá se converter num processo de "profecia que se autorrealiza", porém desestabilizadora e catastrófica, no médio prazo. Veja o ritmo assustador de crescimento no déficit de transações correntes, que deverá superar US$ 50 bilhões neste ano. Tudo isto é exatamente o que a hipótese de "doença holandesa" prevê”.

Já Míriam Leitão, que sempre foi uma competente jornalista da área da economia e que teve recentemente um crescimento de qualidade admirável em seu conteúdo jornalístico com a inserção que costuma fazer da interrelação entre a economia e o meio ambiente, faz neste texto uma denúncia que eu entendo como uma manipulação dos números da nossa economia pelo governo Lula. O governo, diz ela, que escreve em O Globo, faz de assuntos econômicos vitais um apanhado de números vazios.

Eu até acrescentaria que este modo propagandistíco e até marqueteiro de lidar com a economia cria uma ilusão de que estamos no melhor dos mundos e consequentemente impede que a população adquira a consciência da necessidade de trabalhar sobre os problemas brasileiros com realismo e determinação.

Quisera que um certo candidato tivesse conversado um pouco mais com esta jornalista em vez de ter brigado com ela. Ela dá o nome certo para a manipulação: são mágicas. O problema é que o maravilhamento com os coelhos que saltam de forma impressionante da cartola governista em breve custarão bastante caro para os brasileiros.

É como costumo dizer: a política é um espetáculo diferente, no qual o ingresso é cobrado quase sempre muito tempo depois de terminado o show.

Míriam Leitão esclarece de forma muito simples o que se passa: “Dívida é dívida; receita é receita. Toda pessoa sabe disso. Mas não as estatísticas do governo. Como uma sucessão de truques fiscais, o Ministério da Fazenda está tornando artificialmente superavitárias as contas públicas”.

Sobre as mágicas feitas usando as pródigas cartolas do BNDES e da nossa Petrobras, com uma forte influência no clima que favoreceu a candidata de Lula, ela faz uma daquelas perguntas que trazem inseridas a própria resposta: “Como é possível a emissão de título que é dívida, vira capitalização do BNDES, aumento de capital da Petrobras e, no fim, entra no caixa do Tesouro como receita?”

Para finalizar, temos também um texto publicado na revista Veja e que infelizmente parece ter passado desapercebido. O escândalo com as erenices merecem mesmo muita atenção, mas sobre o que interessa de fato para todos, que é o futuro do próprio ser humano. Mas a bagunça petista cria até este desvio de atenção do que realmente importa.

Como eu disse, o texto de Veja serve para completar a análise dos dois articulistas, pois traz um exemplo prático daquilo que dá para entender que está faltando aqui. É um relato curto sobre como um país usa de forma inteligente seus recursos econômicos e naturais para criar qualidade de vida e, em conjunto, ir se preparando para os tempos difíceis previstos para todos nós em todo o planeta.

É a Noruega, país que faz de seu Fundo Soberano mais, mas muito mais mesmo, do que uma palavra vazia de uso eleitoral, como é a regra aqui no Brasil. Qualquer conceito econômico só tem validade se estiver apoiado em realização prática. Do contrário, depois do aproveitamento político e eleitoral feito por grupos restritos, nada sobra além de contas a pagar.

Com administração decente os noruegueses usufruem desde já de seus recursos e ainda formam estruturas para o que pode vir mais adiante. Eu destacaria um trecho do texto de Veja, onde se diz que um dos objetivos do governo é o seguinte: “Preparar o país para o declínio na produção de petróleo e, bem mais adiante, para o fim das reservas nas águas geladas do Mar do Norte”.

Ressalto este ponto pois julgo que aí está uma referência do grande erro desses oito anos do governo Lula e que, infelizmente, podem se prolongar para mais quatro com a eleição da sua candidata.

Foi a falta de preparação do país para uma economia sustentável, não só obedecendo técnicas econômicas reais e realmente aplicadas na condução do governo, mas organizando o País para um futuro muito diferente do que tudo que vivemos até agora, quando teremos um planeta próximo do esgotamento de muitas de suas reservas naturais, entre elas o petróleo.

Enfim, como temos pouca ou quase nenhuma infraestrutura e nossas lideranças não possuem capacidade ou interesse de criar políticas de longo prazo, não precisamos temer surpresas no futuro. As dificuldades já estão muito bem garantidas.
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POR José Pires

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