terça-feira, 7 de outubro de 2008

O marqueteiro explica

Marqueteiro explicando a própria derrota é algo que a gente precisa destacar. Sempre traz alguma coisa engraçada.

Raul Lima, o marqueteiro de Alckmin, o Geraldo, entrou na discussão para dar uma luz sobre o fiasco eleitoral do tucano. Lima, esclareço, é o segundo marqueteiro, aquele que pegou a campanha nas últimas semanas. Nem carecia do esforço, é verdade, pois não é o responsável pela queda. Já pegou o Chuchu em baixa.

Mas vamos ao que ele diz, pois é bem interessante. Segundo ele, Kassab foi confundido com Alckmin pelo eleitor. Lima diz que a campanha de Kassab “juntou sua imagem” à do tucano. Mas vejamos o que ele fala. "Fizemos todo um trabalho para tentar descolar a imagem dele da do Kassab. Na véspera do último programa eleitoral na TV, fizemos uma pesquisa qualitativa e metade do grupo achava que Kassab era candidato do PSDB”, ele disse.

É uma tentativa boa, das melhores, para fugir da sina de marqueteiro, que é a de levar a culpa pela derrota, mas tem pouca lógica política e faz da psicologia uma mera ferramenta de busca de resultado. É o que marqueteiro costuma fazer. Juntam algumas pessoas em uma sala para uma rápida pesquisa de opinião e buscam entender com isso coisas bem mais complexas e com sentido histórico que exigiria muito mais estudo.

Eles também concentram em um período de campanha, coisa de cerca de dois meses, algo que tem um rabo bem mais longo. E essa idéia contaminou até analistas aparentemente capazes. Veja pelos jornais ou na internet o que tem de gente que concentra sua análise no período da campanha eleitoral.

Daí a eles colocarem o Ciro Gomes ficar bem suave na TV ou até a Luciana Genro, do Psol, como aconteceu agora em Porto Alegre onde ela ficou na rabeira da eleição para prefeito, bem, isso é só um passo. Tem outro exemplo muito bom, de quando marqueteiros tentaram raspar o bigode do gaúcho Olívio Dutra em 1998 para ele disputar o governo do Rio Grande do Sul de cara lisa.

Olívio Dutra não permitiu que cortassem seu bigode e venceu aquela eleição. Não foi por manter o bigode, evidentemente, mas se tivesse raspado hoje esta seria uma forte ferramenta de marketing. O cliente está com problemas eleitorais? Corte o bigode.

O trabalho mais importante do marqueteiro é com sua própria imagem. E é claro que eles superestimam seu papel. Mas de que outro modo ganhariam dinheiro? Peguemos um exemplo até comercial, ligado ao show business e na raiz da história do marketing internacional. Ninguém transforma Johnn Lennon em Paul McCartney. Ou vice-versa.

Mas nenhum marqueteiro diria isso para os dois, afinal é um trabalho de apenas dois meses. E muito bem pago. Quando um ou outro perceberem que não deu certo a eleição já acabou.
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POR José Pires

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