terça-feira, 7 de outubro de 2008

Pro fundo

O problema de Alckmin não tem nada a ver com troca de cara com Kassab. É bem mais antigo. E se houve troca, foi ele que se apossou de algo que não era seu.

A história de Alckmin pode ser resumida como a do cara que esteve na hora certa no lugar certo. Até à morte de Mário Covas, em 2001, de quem ele era vice-governador, foi assim. E também era um processo natural, pelo menos dentro da política paulista.

Depois o tucano só foi para o lugar errado. Parece não ter entendido que até mesmo sua eleição para o governo de São Paulo vinha deste fluxo anterior, originada pela força da imagem de Covas. Aí sim o marqueteiro acertaria se dissesse que aconteceu uma marcante troca de imagens.

Mas depois disso Alckmin não acertou nenhuma. Sempre forçando a barra, era o homem errado, no lugar errado e na hora errada. É o anti-zen, por mais que ele diga o contrário. Teimou bastante para se colocar onde as forças estruturais da política não o conduziam e − nas duas eleições em que se colocou − até mesmo indo contra a realidade política.

Isso não tem nada de zen, claro. É uma subversão dos valores do zen. É uma luta contra a correnteza e não o aproveitamento natural da força do rio. Na verdade, Alckmin está mais para o escorpião que atravessa o rio nas costas do sapo. E desta vez ele afundou de um modo bem feio.

O homem que estava sempre no lugar certo e na hora certa gostou do negócio e pensa que ele mesmo pode produzir tal fenômeno. E não vai parar por aqui, podem ter certeza. E duvido que algum dia Alckmin consiga achar o lugar certo.
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POR José Pires

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