terça-feira, 23 de junho de 2009

Ministro sem carteira

No final do mês passado, escrevendo sobre o acidente provocado por um deputado estadual do Paraná em que morreram dois jovens, falei sobre a incompatibilidade inaceitável da situação de um legislador que deixava de cumprir leis básicas de seu país.

O caso do deputado paranaense foi chocante até pelo fato de que as revelações que surgiram em decorrência de suas ilegalidades ─ ele tinha a habilitação suspensa e acumulava 130 pontos na carteira, tendo sido multado 30 vezes, sendo 23 por excesso de velocidade ─ acabaram mostrando que boa parte de seus colegas deputados desrespeitaram a lei do mesmo modo.

Na Assembléia Legislativa paranaense, formada por 54 membros, 20 deputados estaduais tiveram a carteira suspensa, sendo que quatro desses faltosos são da Comissão de Ética da Casa, inclusive o presidente da comissão. É bom destacar que a imprensa não conseguiu consultar o histórico sobre infrações de 16 deputados.

Bem, como a fiscalização e feitura de leis no Paraná está nas mãos de gente que atropela até leis de trânsito é evidente que o estado não está em boas mãos.

Eu disse o Paraná? Novas revelações que vem aparecendo naquele estado mostram que o problema infelizmente não é localizado. Não é nenhuma surpresa, claro. Sabe-se que no Brasil só se mexe em determinados assuntos quando ocorre algum drama que mobiliza a imprensa e a sociedade. Fora isso, dá-se um jeito.

Agora apareceu a notícia de que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, também teve a carteira de habilitação suspensa. Bernardo tem base política no Paraná, onde o trágico acidente fez a opinião pública se interessar por este assunto.

A maioria das multas do ministro, que é um dos mais próximos do presidente Lula, era por excesso de velocidade e por falar ao telefone no volante.

Seus assessores informaram que o ministro entregou a carteira de habilitação na última segunda-feira. É claro, que não é mais que sua obrigação. Mas sempre fica a suspeita de que em outra situação talvez ele não se preocupasse em fazer isso.

Também é evidente que temos no Planejamento um ministro que não se guia por responsabilidade pessoal, mas que tem que ser impedido pelo rigor da lei para que não coloque em risco a vida de outras pessoas.

Eu não confiaria em alguém assim nem para dirigir um carro velho, mesmo que estivesse com a carteira de habilitação. E para dirigir um ministério, então, nem pensar.
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POR José Pires

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