quarta-feira, 10 de junho de 2009

A saúva da política

No Maranhão é impossível viver sem topar com um Sarney. É Ponte José Sarney, Avenida José Sarney, Rodoviária Kiola Sarney. Tem também as escolas: escolas:a Sarney Neto , a Roseana Sarney, a Fernando Sarney, a Marly Sarney e a José Sarney. E tem o Posto de Saúde Marly Sarney, a Biblioteca José Sarney, a Maternidade Kiola Sarney... e também o Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney. É Sarney para todo lado.

E nem pense que essa é uma daquelas piadas que correm na internet. É a triste realidade do Maranhão. Fui ao site de busca dos Correios e está lá a avenida José Sarney. Lá, ele tem também rua, travessa e praça em seu nome. A tal da ponte também parece piada, mas pode ser vista aqui. E a maternidade tem até site, onde você entra clicando aqui.

Se há um feudo no Brasil, este é o Maranhão dos Sarney. Dominam a vida política daquela terra há quarenta anos, com um resultado desastroso: o estado só não é o mais atrasado do país porque tem o pobre Piauí à frente. Ou melhor, atrás.

É claro que para estruturar e manter este poder os Sarney dominaram a mídia local. Essa é uma lição velha. Até político do baixo clero sabe que é preciso controlar a informação, coisa que o governo Lula está colocando em prática no plano nacional usando até o dinheiro de estatais como a Petrobras.

A família de José Sarney tem um grande jornal diário publicado na capital e a TV Mirante, repetidora da TV Globo no estado. Eles são proprietários também de rádios. São mais de 30 emissoras em todo o estado. A TV Mirante tem também 13 repetidoras espalhadas pelo interior.

Este controle foi contruído com a estreita ligação criada pelo chefe do clã, o senador José Sarney, com todos os governos que existiram nos últimos anos. Da ditadura militar ao governo Lula, Sarney está sempre dentro.

O espertalhão sabe também como poucos mudar de lado no momento certo, como fez no estertor da Ditadura Militar, quando pulou da ditadura para a chapa de Tancredo Neves em 1985. Foi o maior azar do país. Fez o governo mais desastrado que já houve em nossa história, instalando a corrupção, falta de planejamento e má administração no pós-ditadura, quando o Brasil precisava exatamente do contrário para começar tempos novos.

Nosso país tem muitos azares, mas sem dúvida um desses maiores azares tem nome: José Sarney. Mas o pobre do Maranhão foi mais afetado por esta falta de sorte. Tem aquela famosa frase que diz que "ou o Brasil acaba com a saúva ou...". Pois o método Sarney de fazer política é a nossa saúva social.

Mas parece que o eleitor não aceita pragas política com facilidade. Mesmo com este controle financeiro e econômico no Maranhão, os Sarney não tem segurança alguma por lá. Nas últimas eleições, Roseana Sarney perdeu a eleição para o governo. Foi conduzida ao cargo com a cassação do eleito, Jackson Lago, numa dessas decisões que só ocorrem no Brasil, país em que o derrotado no voto vai ao poder quando cai o eleito.

No entanto, a reeleição no ano que vem da filha de Sarney ou a eleição de alguém escolhido pelo clã deve ser muito difícil. O eleitor maranhense parece ter tomado aversão pelos Sarney.

O manifestação mais clara do risco político do clã é que o próprio José Sarney não se arrisca a disputar o Senado pelo Maranhão, preferindo a maior facilidade conquistada no Amapá.
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POR José Pires

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