quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Com Dilma, tem que ser igual o Juruna fazia

O índio Juruna é que estava certo. Para quem não sabe, Mário Juruna era um cacique Xavante que tinha o hábito de levar um gravador para registrar as conversas que tinha com os brancos. Branco não tinha palavra, dizia ele. Daí passou a gravar os compromissos firmados em nome de sua tribo. Não adiantou muito, pois mesmo assim as autoridades continuaram não cumprindo a palavra, mas a história ficou como marca desta civilização cheia de falsidades.

Mas a história de Juruna não para aí. Ele se elegeu deputado pelo PDT em 1983 e até participou do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves em 1984. Naquele ano, inclusive, denunciou o empresário Calim Eid por tentar suborná-lo para votar em Paulo Maluf, candidato dos militares. Ele votou em Tancredo. Juruna pagou caro pela entrada no mundo dos brancos. Teve um triste fim. Abandonado pela tribo, morreu na miséria em Brasília.

Mas eu dizia que ele estava certo é nesse negócio de gravar tudo que o branco fala. Com a ministra Dilma Roussef tem que ser assim. Ô mulher enrolada. Com ela, só gravando a conversa, pois depois de alguns encontros seus acaba sendo criado um clima de extrema desconfiança.

E o chato para ela é que aos poucos vão surgindo fatos que estão consagrando-a como mentirosa. No caso do título de doutor, ostentado por ela sem ter o direito, já que nunca fez doutorado algum, ficou comprovado de várias maneiras sua mentira. Falo disso abaixo, no outro post.

Agora aparecem novas evidências de que ela pode ter mentido também no caso do encontro com a ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira, quando teria pedido para acelerar a auditoria nas empresas da família do senador José Sarney. O "acelerar" aí pode ser visto como algo mais que dar pressa na condução da auditoria. Pareceu à ex-secretária que o pedido era para não mexer com o senador maranhense eleito por Amapá, mesmo porque é bem estranho a Casa Civil interferindo na Receita Federal para agilizar trabalhos.

Dilma afirmou que jamais esteve a sós com Lina e desafiou a ex-secretária a provar que houve o encontro. E aí ficou a palavra de uma contra a de outra. Pois a chefe de gabinete do secretário da Receita Federal, Iraneth Dias Weiler, funcionária de carreira, confirmou à Folha de S. Paulo que Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, foi ao gabinete de Lina no final do ano passado.

Parênteses. Erenice Guerra, que é a principal assessora de Dilma, teve o nome envolvido no caso do dossiê com gastos do governo Fernando Henrique Cardoso, uma evidente chantagem feita no ano passado, já que então o governo Lula estava encalacrado no caso dos gastos com cartões corporativos. Este é outro caso que Dilma negou e ficou provado que ela mentia. Em depoimento à CPI dos Cartões Corporativos um petista afirmou que foi Erenice quem confeccionou o dossiê a mando de Dilma Rousseff.

Mas voltemos. "Ela [Erenice} entrou pela porta do corredor, não passou pelas secretárias. Não foi uma coisa que constava da agenda", disse Iraneth, afirmando ainda que Lina disse à ela que iria ao Palácio do Planalto.

Então o encontro já está praticamente provado que ocorreu. Resta agora comprovar o outro fato, bem mais grave que uma inocente reunião, mesmo que fora da agenda, entre dois funcionários do governo. Segundo Lina, Dilma teria intercedido por Sarney. A ministra nega. Até aí, tudo bem. Em relação ao Sarney até dizer bom dia acarreta suspeitas. Mas por que negar uma reunião que realmente ocorreu?

Segundo a Folha de S. Paulo um dos motivos para a queda da ex-secretária da Receita é ela não atender pedidos de políticos. Resta agora saber se Dilma Rousseff pediu mesmo para que fosse “agilizado” o assunto do interesse de José Sarney.

Não falta motivo para suspeitar que isso de fato aconteceu. O encontro, segundo a ex-secretária Lina, foi no final do ano passado. Exatamente nesta época Sarney estava articulando, principalmente com Lula, sua candidatura à presidência do Senado.
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POR José Pires

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