terça-feira, 18 de agosto de 2009

Com Sarney, escândalo é coisa corriqueira

Para acompanhar os malfeitos do clã do senador José Sarney a blogagem tem que ser no esquema de plantão de 24 horas. É ficar um dia sem postar e se acumulam as denúncias, com algumas inclusive passando sobre as outras, como os desmentidos de Sarney que se revelam mentirosos em questão de poucas horas.

O que aconteceu entre o final de semana e esta terça-feira é exemplar de como funcionam as coisas com o senador maranhense eleito pelo Amapá. No domingo, o jornal O Estado de S Paulo informou que dois apartamentos da família Sarney em São Paulo foram pagos por uma empreiteira.

Ontem, Sarney fez um discurso no Senado atacando o jornal. Mostrando os exemplares do Estadão de domingo e de ontem, o senador disse que o jornal tornou-se “um tablóide londrino, daqueles que buscam escândalos para vender”.

Fico aqui imaginando a desgraça financeira de um jornal que resolvesse vender mais com os escândalos de Sarney. Ora, o leitor só corre atrás de um jornal se este trouxer novidades. E maracutaia dos Sarney lá é coisa nova? Ele fez do escândalo um fato ordinário. Vindo de Sarney, novidade jornalística para atrair a atenção só se ele praticar algum gesto honesto. Aí acho que é caso até de imprimir edição extra.

Mas voltemos. Sarney sentou o pau no Estadão dizendo que a reportagem era “irresponsável e “sem provas” e quatro horas depois do discurso a empresa Holdenn Construções Assessoria e Consultoria divulgou uma nota admitindo que de fato comprou os apartamentos.

Vamos ao que o Estadão publica: “Na nota, assinada pelo empresário e amigo da família Rogério Frota de Araújo, a empreiteira admite que comprou o apartamento nº 22 do edifício Solar de Vila América, na Alameda Franca, 1.581, nos Jardins. Diz que depois da compra, o imóvel “foi vendido ao senhor José Sarney Filho, mediante instrumento Particular de Promessa de Compra e Venda e outras Avenças”. O apartamento 22 foi comprado pela empreiteira depois de um contato inicial de José Adriano, neto de Sarney, com o proprietário do imóvel, o economista Felipe Jacques Gauer”.

Até senador José Sarney já se hospedou em um dos apartamentos, mas é possível que ele tenha se esquecido. Afinal, isso não é nada para quem nem percebia que o Senado depositava todo mês em sua conta R$ 3.800 a título de moradia. Esta, por sinal, foi outra situação de que o senador tentou se safar atacando a imprensa. O problema é que ele recebia auxílio-moradia mesmo tendo imóvel em Brasília. Primeiro ele afirmou que não recebia o auxílio-moradia e depois pediu desculpas dizendo que não “percebia” que o dinheiro caía todo mês em sua conta.

Sobre os apartamentos em São Paulo, o jornal também destaca na reportagem publicada hoje que “chama atenção, na relação entre a Holdenn e os Sarney, o fato de que nem a empresa nem a família esclarecem as condições da suposta venda do apartamento 22 para Zequinha Sarney”.

Agora vamos esperar. Pode ser que em poucas horas apareçam novidades sobre este caso ou até safardagens novas do nobre senador. Com o Sarney, só ficando de plantão.
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POR José Pires

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