quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Em batida parecida, antigamente quem sofria eram os democratas


Processos parecidos com os de agora foram usados incontáveis vezes contra adversários. E muitas vezes isso foi relevado por setores da política brasileira, quando não houve até convivência, algumas vezes em razão de que os alvos atingidos não mereciam respeito algum.

Os golpes desfechados contra políticos de comportamento notoriamente contrário à ética acabavam sempre encaixados como instrumentos válidos no momento. É a velha frase que diz que os fins justificam os meios.

Isso nunca é verdade. Pois mesmo que o objetivo desse tipo de ação seja supostamente ético, depois fica muito difícil brecar processos ilegais, que passam a ser usados de forma indiscriminada.

É o que se vê agora com os dossiês petistas e a quebra do sigilo fiscal de adversários feita de forma criminosa. Bem, pelo menos já temos a certeza de que não se pode fechar os olhos para essas coisas. Mesmo que o alvo seja um PC Farias, ele não deve ser combatido com métodos que passam por cima dos direitos e da Constituição.

É bom lembrar que há muito tempo algumas pessoas, inclusive da política, vêm alertando o país sobre esses métodos. E os tucanos merecem como um crédito histórico a lembrança de que vários de seus líderes vem fazendo isso antes até do PT alcançar o poder.

É gente como Franco Montoro, Mário Covas, os próprios Serra e FHC, e também setores históricos do PMDB, como Ulysses Guimarães e outras figuras expressivas da política brasileira, que foram contrários a ilegalidades mesmo quando usadas contra a ditadura militar.

E um dado histórico que o PT não quer discutir de forma alguma é o da participação na luta armada nas décadas de 60 e 70 de sua candidata a presidente. Naquele tempo a oposição democrática ao regime já abominava este tipo de método.

E o interessante é que até essas discordâncias eram tratadas com fúria pelos petistas, que de imediato passavam a satanizar tais políticos. Então era movida uma máquina de difamação da imagem dessas pessoas, por vezes, foi bem eficiente. Hoje ainda tentam construir uma má fama histórica para os que, de fato, foram responsáveis pela queda do regime.

Se ainda hoje alguns vêem alguém como o ex-governador de São Paulo, Montoro, por exemplo, como um político indeciso e até tolerante demais, em boa parte é efeito dessa difamação histórica, feitas à época e que segue até hoje. É claro que quando buscam estigmatizar tal tolerância, os petistas escondem que ela serviu também para Montoro não tomar medidas severas quando manifestantes liderados pelo PT derrubaram as cercas do Palácio dos Bandeirantes para afrontar o governador Montoro.

Convém destacar que Montoro era o primeiro governador paulista na primeira eleição direta após vinte anos. A oposição democrática trabalhava então enfrentando muitas dificuldades, inclusive na administração de estados praticamente levados à falência por governadores anteriores nomeados pela ditadura. E era preciso também ter muito cuidado para preservar e ampliar a abertura democrática.

A eleição de um presidente civil pelo colégio eleitoral, que acabaria vindo em 1985 com Tancredo Neves, não existia nem em sonho, pois o regime ainda pensava em se manter no poder.

Mas a agressividade era uma marca do PT usada da forma mais irresponsável. Nisso pareciam bastante como o MIR, o partido de extrema-esquerda que causou um estrago político danado no Chile durante o governo de Salvador Allende.

Enfim, para o PT cabia também muito bem a frase que diz que os fins justificam os meios. Pode ser vista como um slogan do partido, que desde sua fundação tem atrapalhado bastante, primeiro a reconstrução democrática do País e agora a consolidação desta mesma democracia.
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POR José Pires

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