quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Haja saco para o que pode vir por aí

Se ocorrer de fato, a eleição de Dilma Rousseff será um dos maiores desastres deste país em vários aspectos. É notória a incapacidade técnica da candidata, que não domina nem os jargões da política e terá dificuldade até na relação com a coligação feita de um modo tão vil que mesmo a coligação que levou Lula ao poder pode ser vista hoje como peixe pequeno neste tipo de acordo. E olhem que até para Lula ter seu vice foi preciso negociar uma quantia enorme em dinheiro, enquanto ele e José Alencar esperavam na sala ao lado.

Mas outro problema é que o país com o PT de Dilma vai ser muito chato. Petista é um ser político dos mais chatos do mundo. Ele faz da política um componente coditiano, numa intromissão equivocada em todas as atividades, de forma que questões essenciais como qualidade profissional, produtividade e o mérito pessoal são acachapadas pela atividade política.

É imenso o número de questões falsas, colocadas apenas com o objetivo de um ganho político circunstancial. E os problemas reais se avolumam enquanto o país discute durante meses coisas como a situação do hondurenho Manuel Zelaya ou então eles trazem esta visão assistencialista para todos os assuntos. Por esta via, até os setores que deveriam elevar o nível técnico e cultural do país acabam descendo ao papel de entidades assistencialistas, como ocorreu com nossas universidades.

Não cabe elencar todas as demandas falsas e oportunistas trazidas ao debate pelos petistas, pois teríamos que passar o dia inteiro nisso. É muita conversa fiada, com assuntos que eles tratam como se fossem essenciais para a vida na Terra e que assim que perdem a utilidade acabam sendo abandonados sem nenhuma conclusão.

Vou pegar uma só questão, a das privatizações, que volta de vez em quando, sempre em período eleitoral. E nem precisamos ficar muito em cima disso. Se essas privatizações foram mesmo tão equivocadas é o caso de perguntarmos por que no poder o PT não tomou sequer uma decisão frente ao assunto. Nem vou falar sobre a reestatização dessas empresas, que poderia ser feita pelo governo, mas por que não fizeram nem sequer uma boa auditoria sobre essas privatizações que eles julgam tão condenáveis?

Mas baixemos o nível da cobrança. Eles poderiam agir com rigor na regulação das empresas privatizadas, mas fizeram o contrário. Os petistas afrouxaram os regulamentos em todas as áreas e Lula até mudou de forma suspeita a lei que regulamenta as telecomunicações para possibilitar a transação de compra da Brasil Telecom pela Telemar/Oi, quando se criou um monopólio imenso — e aqui vale a redundância, pois de fato é grande demais o mercado agora sob o domínio de uma só empresa. O detalhe curioso é que o negócio foi feito antes do presidente da República mudar a lei.

Mas voltemos ao baixo nível que vem por aí. É a política da forma mais rasteira que vai dominando o pensamento brasileiro. Dessa forma, qualquer idiota com um pouco mais de tempo e paciência para decorar e acreditar em algumas frases tolas acaba valendo mais que um cidadão dedicado à sua profissão. E isso já vem ocorrendo em vários ambientes de trabalho, no serviço público, nas universidades e, claro na política. Basta observar o nível dos candidatos que temos aí.

Uma coisa é muito clara: da forma que os processos políticos estão estabelecidos no Brasil, um profissional que gosta bastante de seu trabalho não tem meios de se dedicar à política, mesmo que num âmbito essencialmente trabalhista como é a atuação nos sindicatos.

Sindicato virou profissão, assim como aconteceu com a política. E o projeto petista tende a politizar todas as atividades. Quanto vale um professor? No mundo petista sempre vai depender o que esse professor pensa da universidade pública, da questão das cotas raciais, dos direitos dos servidores e até se este professor gosta deste ou daquele reitor.

É a politização de tudo, sempre num nível partidários dos mais baixos. Isso vale também para todo tipo de associações comunitárias, políticas ou profissionais, e mesmo de ONGs de objetivos variados. Estas organizações foram criadas para servir como um ponto crítico na relação com o Estado, mas até o conceito acabou sendo instrumentalizado pelo PT, de tal forma que, se alguém está participando de uma organização séria, logo tem que esclarecer que não é uma ONG.

Sendo assim, nem preciso dizer quem são as pessoas que ocupam esses lugares. Alguém acha que um trabalhador que se ocupa com seriedade de seu ofício o dia todo pode ter vigor e paciência para ir à associação de seu bairro ou seu sindicato para participar de reuniões manipuladas por militantes profissionais, como ocorre hoje com tantas insitutições, entre elas o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, transformado em instrumento do PT e de sua campanha eleitoral? Nem pensar.

Quem gosta de trabalhar não vai ao sindicato. Sei que deveria haver maior participação, até para evitar este domínio sobre o país, mas é assim que ocorre. Se Lula gostasse mesmo de ser torneiro mecânico, é certo que se ocuparia deste serviço com satisfação durante toda a vida, pois não há nada melhor do que fazer o que a gente gosta.

Mas voltemos à vagabundagem. A petista Dilma Rousseff simboliza muito bem isso que estou dizendo. Nunca neste país tivemos um candidato à presidente da República com chances de vitória que fosse tão mal preparado em todos os aspectos, inclusive no mais simples deles, que é a vida partidária. Nisso, ela suplanta em má-qualidade até o próprio Lula.

E talvez Dilma seja uma vingança do Lula pelo que viemos falando da sua ignorância nestes anos todos. Mas o cara foi cruel demais. Nós da oposição não merecíamos tanto e a população muito menos.
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POR José Pires

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